“Negacionismo governa o país”, diz secretário sobre vacina em adolescente

Nésio Fernandes, secretário de saúde do Espírito Santo, diz que a decisão do Ministério da Saúde de suspender a vacinação em adolescentes foi “intempestiva, inoportuna, unilateral e sem base científica”

Nésio Fernandes durante a gestão da pandemia de covid no Espírito Santo

O secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, diz que o Estado continuará a vacinação nos adolescentes de 12 a 17 anos e vai insistir para que o Ministério da Saúde mude de posição em suspender a imunização desse público. De acordo com ele, a decisão da pasta foi “intempestiva, inoportuna, unilateral e sem base científica.”

Para ele, trata-se de uma decisão estarrecedora para estados e municípios que, por regra e obrigação, enfrentaram a pandemia no front. “Não tinha outra opção. A vacinação de adolescentes já estava prevista, anunciada e documentada pelo Ministério da Saúde. Nada novo, falsa polêmica”, criticou.

Na opinião dele, o ministro Marcelo Queiroga deveria ouvir a Sociedade Brasileira de Pediatria no lugar de Bolsonaro. Também destacou que os técnicos da pasta e os especialistas da Câmara Técnica Assessora são favoráveis a vacinação. Questionou a estratégia do ministério para a imunidade de rebanho dos adolescentes e diz que a pasta segue diretriz do presidente. “O negacionismo governa o país”, criticou.

Nésio Fernandes afirmou que o ministério precisa reunir um perfil de competências que expresse habilidade de entender o seu contexto político, seu teto administrativo e as necessidades sociossanitárias do país. “Precisa entender como o SUS em mais de 33 anos de criação soube preservar o respeito e a unidade tripartite, ao controle social e as instituições técnico-científicas”, ressaltou.

“A pandemia exige dos gestores públicos postura de liderança, capacidade de construir pontes e consensos. Trazer para dentro do SUS a beligerância que contaminou de ódio o Brasil não irá contribuir em nada para enfrentar a pandemia”, afirmou.

O secretário diz que a decisão do Espírito Santo em continuar a vacinação se baseia na autorização já apresentada e publicada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de que a vacina da Pfizer é segura e eficaz e pode ser aplicada em adolescente.

“É um consenso na epidemiologia a necessidade de alcance a ampla cobertura vacinal para controle de doença infectocontagiosa. Dependendo da taxa de transmissão de um vírus e da eficácia das vacinas disponíveis encontramos o % de cobertura vacinal necessária”, escreveu no Twitter.

Negacionismo

O secretário de saúde afirmou que nas últimas horas o grito antivacina de canais bolsonarista e a pressão do presidente pesaram mais que as convicções já consolidadas na pasta da Saúde e no próprio Plano Nacional de Imunização (PNI). “As posições apresentadas na coletiva do Ministério da Saúde fragilizam a confiança nas vacinas e no SUS”, lamentou.

“Vamos precisar de serenidade neste momento. Como gestores nos compete seguir o enfrentamento a pandemia, vamos defender vacinas seguras, eficazes e autorizadas para uso nos adolescentes como estratégia de saúde pública, não vamos adotar a estratégia de imunidade de rebanho”, defendeu.

Por fim, acrescentou que para todas as decisões tomadas no âmbito da gestão da pandemia no Espírito Santo, além de decidas razões e fundamentação técnica, houve resultados para apresentar. “Temos plena responsabilidade pelos resultados: salvamos vidas e criamos condições para a retomada da economia.”

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