Hapvida: mais um plano de saúde investigado por forçar ‘kit covid’

Médicos demitidos acusam Hapvida de pressioná-los a receitar o ‘kit Covid’ com medicamentes ineficazes contra a doença.

Hapvida é investigada por forçar médicos a prescreverem kit covid

Médicos que trabalharam na Hapvida acusam a operadora de planos de saúde de pressionar os profissionais a receitarem o “kit Covid”, com medicamentos ineficazes contra a doença, conforme reportagem do jornal O Globo. A CPI da Covid passou a investigar a rede pela suspeita de pressionar médicos a prescreverem remédios ineficazes contra a Covid.

As denúncias surgem de médicos de várias partes do país. A “adesão ao protocolo covid” é exigida dos profissionais, conforme revelam áudios enviados a eles. O plano de saúde privado justifica que “no passado” havia um entendimento de que esses medicamentos poderiam trazer benefícios aos pacientes de covid, mas afirma que parou de prescrevê-los conforme se confirmou sua ineficácia.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar afirmou que realizou diligências na operadora e que solicitou esclarecimentos sobre as denúncias de cerceamento de exercício da atividade médica e sobre a assinatura do termo de consentimento para prescrição do “kit Covid”.

Evidências

O médico Felipe Nobre procurou o Ministério Público do Ceará para denunciar a operadora e encaminhou aos promotores as mensagens que recebeu dos superiores em seu celular, que levaram a sua demissão ainda em maio de 2020. O Ministério Público abriu procedimento para investigar o caso.

Uma das mensagens, no começo de maio de 2020, foi enviada pelo diretor Marcelo Moreira ao supervisor Yuri Assunção: “Yuri, lista dos colegas que não prescreveram já se encontra com você. Discutir com cada colega o motivo pelo qual não houve prescrição. Urgente.”

Nesta outra mensagem Felipe pergunta a Yuri, seu superior imediato, se a prescrição de cloroquina era determinante para ele permanecer na empresa. Yuri Assunção diz: “É protocolo da instituição amigo, devemos seguir.”

O médico respondeu que tinha autonomia para decidir o que era mais adequado e que havia estudos na direção contrária à do uso da hidroxicloroquina.

Horas depois, o supervisor mandou outra mensagem avisando que Felipe tinha sido demitido.

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