Fala de Bolsonaro em prol do “kit covid” prejudica pacientes da doença
“Acreditando que há um tratamento inicial eficaz, podem deixar de se proteger, evitar vacinas e outras condições que podem acabar levando a pessoa ao óbito”, afirmou o médico Walter Correa de Souza Neto que depõe na CPI da Covid nesta quinta-feira (7)
Publicado 07/10/2021 16:16 | Editado 07/10/2021 17:39
As declarações de Bolsonaro a favor do “kit covid” pode ter influenciado pacientes a usarem medicamentos sem eficácia contra a Covid-19. A afirmação é do médico Walter Correa de Souza Neto que depõe na CPI da Covid nesta quinta-feira (7). O profissional, que trabalhou na Prevent Senior por oito anos, confirmou aos senadores as denúncias contra a operadora.
A operadora é acusada de pressionar os médicos a receitarem aos pacientes o chamado “kit covid” (medicamentos sem eficácia comprovada), usar seus clientes como cobaias e adulterar atestado de óbito para omitir a causa de morte pela Covid-19
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), exibiu vídeo no qual aparece Bolsonaro estimulando o uso de medicamentos como cloroquina e hidroxicloquina. E em seguida questionou o médico sobre o efeito desse tipo de propaganda nos pacientes.
“Pode induzir as pessoas ao erro. É uma desinformação que pode fazer com que as pessoas deixem de tomar outras medidas. Acreditando que há um tratamento inicial eficaz, podem deixar de se proteger, evitar vacinas e outras condições que podem acabar levando a pessoa ao óbito”, afirmou o médico.
Ele disse ainda que os médicos da Prevent Senior sabiam que o tratamento de pacientes da covid-19 com hidroxicloroquina não trazia os resultados prometidos e divulgados pela direção da operadora de saúde. Ele classificou como “fraude” o estudo desenvolvido pela empresa para justificar a prescrição da droga.
“Essa coisa de que ninguém vai a óbito e ninguém intuba, isso já era muito claro: a gente sabia que era fraude. Além de o estudo ser muito ruim já quando foi publicado em abril, eu internava paciente que havia tomado o kit. Eu acompanhava esse paciente depois pelo prontuário durante a internação e via esses pacientes irem a óbito. Mas eles [Prevent Senior] continuaram fazendo essa política de ‘evangelização’ de prescrever a medicação e às vezes induziam os médicos ao erro também”, afirmou.
Com informações da Agência Senado