Ativista contra despejos ilegais é perseguida no DF

Mona Nascimento está com a Kombativa, enfrentando as desocupações que estão acontecendo na pandemia
mesmo após a decisão do STF que proíbe as remoções.

Foto: Matheus Carvalho

Na manhã deste sábado (23/10), a ativista e líder comunitária Mona Nascimento foi perseguida por dois carros brancos em Santa Maria. Mona é coordenadora do Coletivo Mais de Nós que presta solidariedade a mais de 250 famílias no DF e realiza um trabalho pedagógico na defesa dos direitos sociais. Mona dirigia a Kombativa, veículo ativista que já faz parte da memória afetiva dos brasilienses. A Kombativa, kombi grafitada com diversas frases de defesa dos direitos humanos, é uma ferramenta do ativismo do DF e dá visibilidade às lutas da população local.

Mona está com a Kombativa enfrentando os despejos ilegais que estão acontecendo na pandemia mesmo após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proíbe as remoções. Recentemente, ela esteve na luta com moradores do Quinhão 23 de Santa Maria, resistindo contra os despejos ilegais ordenados pelo Governador Ibaneis Rocha.

“Realizo meu trabalho resistindo a diversas ameaças que recebo diariamente. As perseguições no trânsito têm se tornado constantes. Na de hoje vi minha vida em risco, bati o carro na fuga desses capangas que estão a serviço do fascismo”, denuncia Mona Nascimento.

Segundo o levantamento do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, entre 2015 e 2019, 174 ativistas de direitos humanos brasileiros foram executados. “É uma nítida violência política e de gênero o que Mona sofreu. Ela foi perseguida por homens que querem intimidar o trabalho da nossa companheira.”, considera Talita Victor, Cientista Política especialista em Gênero.

A perseguição contra Mona ocorre durante o aumento de casos de feminicídio no DF, já foram mais de 22 mulheres assassinadas neste ano. “Nos preocupa muito a segurança para seguirmos com nosso trabalho tocado majoritariamente por mulheres e para mulheres. Mona Nascimento além de ativista é mãe solo, o Estado Brasileiro precisa garantir a segurança dessa mãe ativista”, afirma Keka Bagno, ativista de direitos humanos e Conselheira Tutelar.