Ação da UBM MG e do MPM pela Dignidade Menstrual

O objetivo do movimento é discutir por toda a cidade a importância da adoção de políticas públicas que combata a pobreza menstrual

Entidades que atuam organizando e defendendo o direito das mulheres, realizaram recentemente, durante os dias entre 22 de novembro até 10 de dezembro de 2021, uma campanha de arrecadação de quites de higiene pessoal que estão sendo doados à população carente no município de Belo Horizonte.

Anteriormente, no mês de setembro de 2021, o Congresso Nacional aprovou o PL-Projeto de Le 4.968/2019, que criaria o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, qualificando-o como uma estratégia para a promoção da saúde e da atenção à higiene. A intenção do PL era combater a precariedade menstrual, que significa a falta de acesso ou a falta de recursos para a compra de produtos de higiene e outros itens necessários ao período da menstruação feminina.

Contudo, absurdamente, aquele que se diz presidente do nosso país, vetou a parte da lei que previa a oferta gratuita dos absorventes e demais itens necessários para os cuidados básicos da saúde menstrual, vetou também o artigo que previa quem seriam as beneficiada, cuja previsão erar atender as pessoas que menstruam que sejam estudantes de baixa renda, mulheres em situação de rua ou vulnerabilidade, recolhidas em unidade do sistema penal e as internadas, que cumprem medida socioeducativas. O projeto previa ainda que as despesas com a execução das ações seriam assumidas pelo SUS- Sistema Único de Saúde, por ser medida de saúde pública.

Sob o argumento de que a medida contrariaria o interesse público o presidente, machista e misógino, demonstrou mais uma vez, seu verdadeiro ódio contra as mulheres!

Em data ainda não definida, o veto do presidente será apreciado pelo congresso e precisa ser rejeitado. Diante disto, a UBM e o MPM organizaram a campanha, de combate à pobreza menstrual, que conseguiu arrecadar mais de 150 quites de produtos de higiene, os quites são compostos por, no mínimo, três pacotes de absorvente, três sabonetes e quatro rolos de papel higiênico.

O objetivo do movimento é discutir por toda a cidade a importância da adoção de políticas públicas que combata a pobreza menstrual, a situação das pessoas que menstruam precisa ser debatida, pois, é uma questão fundamental de sobrevivência das mulheres.

Uma pesquisa constatou que a cada quatro meninas, uma não frequenta as aulas durante seu período menstrual, porque não possuiu condições de adquirir o mínimo dos itens necessários para sua higiene pessoal, nem se fale das condições das mulheres em situação de rua e as privadas de liberdade.

A menstruação é uma questão fisiológica do corpo feminino, no entanto, culturalmente é uma questão que ainda possui tabus na sociedade, ademais, com a crise econômica agravada pela pandemia do coronavírus, a pobreza menstrual se acirrou, já que o custo dos itens de higiene pessoal se tornou excessivo, o que ensejou ainda mais a importância de se debater o assunto com a sociedade.

A ação irá atender a quatro grupos dentro do município de Belo Horizonte, o trabalho foi iniciado em um encontro realizado no bairro Novo Arão Reis, onde as mulheres que participam da ONG IMA- Instituto Mulher Amada, que atende mulheres em situação de violência doméstica, discutiram sobre o tema e entenderam a necessidade do combate à pobreza menstrual.

Na região do Barreio, o grupo “Mulheres que se ajudam”, formado por moradoras do bairro Vila Pinho, se reuniram na última quarta-feira (15), quando a questão da saúde da mulher foi um dos focos do encontro. A conscientização da população é o meio que temos para quebrar o tabu da discussão a respeito da menstruação e da saúde menstrual.

Outras duas regiões também serão atingidas pela ação, o grupo de mulheres do Granja de Freitas, além das mulheres do bairro Taquaril, cuja atividade está sendo efetivada em parceria com a “Casa do Rip-Rop”.

Em todos os encontros está sendo distribuídos os quites arrecadados com a campanha e sendo realizados importantes debates, que objetiva com essa ação a conscientização da população e que o problema seja enfrentado de frente, para a derrubada do veto do presidente misógino, que odeia mulheres, e as pessoas que menstruam, mulheres, meninas e adolescentes carentes sejam atendidas para garantir sua dignidade menstrual!