Mediador, governo turco afirma que Kiev e Moscou se aproximam de um acordo
O diplomata turco – que viajou a ambos os países em guerra na última semana – disse ainda que, caso nenhum dos lados volte atrás nas conversas feitas até o momento, há motivos para ter esperanças em relação a um cessar-fogo
Publicado 20/03/2022 16:18 | Editado 20/03/2022 17:39
O ministro de relações exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, afirmou, neste domingo (20), que os governos russo e ucraniano estão próximos de um entendimento em relação a assuntos “críticos”.
O diplomata turco – que viajou a ambos os países em guerra na última semana – disse ainda que, caso nenhum dos lados volte atrás nas conversas feitas até o momento, há motivos para ter esperanças em relação a um cessar-fogo. A declaração foi feita ao jornal diário turco Hurriyet e repercutiu internacionalmente.
No início de março, os responsáveis por assuntos exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e da Ucrânia, Dmytro Kulena, se reuniram com Cavusoglu na cidade turca Antália. Mais recentemente, o representante do governo da Turquia se encontrou com cada um deles separadamente.
O porta-voz da presidência da Turquia, Ibrahim Kalin, também afirmou à televisão Al Jazeera que a Rússia e a Ucrânia se aproximam de um entendimento sobre assuntos chaves.
São eles: a demanda russa de que a Ucrânia não ingresse na Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan); a desmilitarização ucraniana; a retirada de obstáculos para o uso do idioma russo dentro da Ucrânia; e os status da Criméia e das regiões separatistas de Donbas, elencou Kalin.
Ainda sem perspectiva de encontro entre Zelensky e Putin
Os países membros da Otan vão se reunir extraordinariamente na próxima quinta-feira (24) para discutir a escalada da guerra na Ucrânia.
Integrante da Otan, a Turquia faz fronteira marítima com a Ucrânia e com a Rússia por meio do Mar Negro.
Mantendo boas relações diplomáticas e comerciais com ambas nações, o governo turco tem buscado conquistar um papel de mediação no conflito, que tomou imensas proporções desde a invasão militar russa contra a Ucrânia em 24 de fevereiro.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, vem repetindo o apelo para uma reunião entre ele e o chefe de Estado russo, Vladimir Putin.
“Esta é a hora de nos encontrarmos, conversarmos, é hora de renovar a integridade territorial e a justiça para a Ucrânia”, postou Zelensky em suas redes sociais neste sábado (19).
Putin, no entanto, resiste a marcar o encontro.
Banimento de partidos na Ucrânia
Neste domingo (20), também por meio de redes sociais, o presidente ucraniano falou sobre a recente decisão do Conselho de Defesa e Segurança Nacional de banir a existência de seis partidos políticos do país. O motivo alegado é a relação entre eles e a Rússia.
“As atividades desses políticos que visam a divisão ou o conluio não terão sucesso. Ao contrário, receberão uma resposta dura”, declarou Zelensky.
A maioria dos partidos cuja atividade política foi proibida são de pequeno porte. Um deles, no entanto, o Plataforma de Oposição pela Vida, tem 44 dos 450 parlamentares do país.
Ao menos 902 civis mortos
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, 902 civis foram mortos e 1.459 se feriram desde o começo da guerra.
Os números foram atualizados neste sábado (19). Eles, no entanto, estão subnotificados já que a equipe da Organização das Nações Unidas (ONU) não conseguiu ainda receber e verificar relatórios referentes a cidades bastante atingidas, como Mariupol.
A maioria dos civis mortos ou machucados foi vítima de armas explosivas – como bombardeios de artilharia pesada e sistemas de lançamento múltiplo de foguetes -, bem como de mísseis e ataques aéreos.
Fonte: Brasil de Fato