PF deve se deslocar nesta quinta (28) até território indígena Yanomami

Segundo denúncia do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana, uma menina de 12 anos morreu após ser violentada por garimpeiros e uma outra criança encontra-se desaparecida desde que foi jogada no rio pelos invasores.

Foto: Júnior Hekurari/divulgação/Reprodução da Internet.

A Polícia Federal planeja se deslocar até o final da manhã desta quinta-feira (28) para a comunidade Aracaçá, na região de Waikás, na terra indígena Yanomami, em que uma yanomami de 12 anos foi morta após ser violentada e uma outra criança está desaparecida desde que foi jogada no rio por garimpeiros, juntamente com a mãe dela, que tentou impedir a agressão. A informação foi prestada pela Superintendência da PF em Roraima à agência Folhapress.

Em Boa Vista, fontes ouvidas pela reportagem alegam que o mau tempo foi responsável pelo fato de os órgãos públicos não terem se deslocado antes para apurar a denúncia realizada pelo presidente do Condisi-YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana), Júnior Hekurari Yanomami. “Comunico às autoridades, Polícia Federal, Ministério Público Federal e Exército, vá na comunidade. E amanhã também irei à comunidade buscar o corpo de uma mulher, uma adolescente que os garimpeiros ocasionaram o óbito por violência”, afirmou Júnior Yanomami em vídeo nas redes sociais. Ele se deslocou para Roraima nesta quarta.

De acordo com a Folhapress, o Ministério Público Federal de Roraima diz que apura o caso. Em nota, o órgão afirma que “situações como essa” são consequência “cada vez mais frequente do garimpo ilegal em terras indígenas em Roraima”.

Em 12 de abril, a Hutukara Associação Yanomami publicou o relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo Ilegal na Terra Indígena Yanomami e Propostas para Combatê-lo”. Nele, afirma que o garimpo ilegal avançou 46% em 2021 quando comparado aos dados de 2020. O relatório destaca também que, entre 2016 a 2020, o garimpo cresceu 3.350% na terra indígena Yanomami.

O relatório aponta ainda que garimpeiros estariam abusando sexualmente de mulheres e meninas após embriagarem pessoas das comunidades assediadas. O assédio, de acordo com o relatório, envolve troca de alimentos com os indígenas.

A terra indígena Yanomami é o maior território demarcado do país e, de acordo com o ISA (Instituto Socioambiental), abriga 26.780 indígenas, incluindo povos isolados. A terra indígena completa 30 anos de demarcação no próximo dia 25 de maio. No ano passado, dois indígenas isolados foram assassinados a tiros no território por invasores.

Em 2019, relatório feito pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para as Crianças) em parceria com a Fiocruz e o Ministério da Saúde apontou que 81,2% das crianças menores de cinco anos pesquisadas na região tinham baixa estatura para a idade (desnutrição crônica), 48,5% estavam com baixo peso para a idade (desnutrição aguda) e 67,8% estavam anêmicas.

Fonte: Portal Yahoo com informações da Folhapress