Senador denuncia ação do PCC na exploração do garimpo nas terras Yanomami

Humberto Costa recebeu e fez a denúncia nesta quinta-feira (11), em audiência em Boa Vista (RR), onde senadores e deputados realizam diligência para apurar estupro e assassinato de uma menina yanomami de 12 anos

Garimpo ilegal em Terra Indígena Yanomami | Foto: Chico Batata/Greenpeace

O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, senador Humberto Costa (PT-PE), denunciou que a organização criminosa PCC pode estar envolvida nas invasões de terras dos yanomami para explorar o garimpo ilegal.

“Há fortes indícios de que o crime organizado está operando em garimpos ilegais nas terras indígenas. Grupos como o PCC são suspeitos de estarem entrando na região e promovendo uma onda de violência contra os povos indígenas, especialmente os yanomami”, disse o parlamentar.

Humberto Costa recebeu e fez a denúncia nesta quinta-feira (11), em audiência em Boa Vista (RR), onde senadores e deputados realizam diligência para apurar estupro e assassinato de uma menina yanomami de 12 anos.

De acordo com o senador, no episódio recente de ataque contra a comunidade Palimiú, uma das terras indígenas dos yanomami em Roraima, há fortes indícios de ação do PCC. “Se isso for verdade é muito mais difícil enfrentar o problema daqui pra frente”, advertiu.

No encontro, o coordenador do Conselho Indigenista de Roraima, Edinho Batista de Souza Macuxi, entregou aos parlamentares o Memorial de Violências Cometidas contra o Povo Yanomami.

A presidente da Frente parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, deputada Joênia Wapichana (Rede-RR), disse que não se pode esquecer que Bolsonaro é o grande incentivador do garimpo ilegal. “É preciso deixar claro que o garimpo em terras indígenas sequer pode ser regularizado, porque é expressamente proibido”, lembrou a parlamentar.

Crime humanitário

O Instituto Sócio Ambiental (ISA) apresentou relatório denunciando os impactos do garimpo e a violência contra os indígenas. Na década de 1980 foi encontrado ouro na terra Yanomami, onde viviam em torno de 10 mil indígenas, quando chegaram ao local 40 mil garimpeiros.

“Houve impactos ambientais e econômicos com o fim de caça e coleta, e impactos sanitários devido a doenças, e tudo isso fez reduzir em 25% a população nas comunidades Yanomamis. Já na década de 1990, veio a demarcação da terra e o Estado, na Operação Selva Livre, retirou todos os 40 mil garimpeiros. Houve uma estabilização em que se permitiu o crescimento das comunidades, chegando hoje a 30 mil”, apontou relatório do ISA, que ainda mostra que, entre 2016 e 2021, o garimpo cresceu 3.000%, igual à década de 1980.

“Temos hoje uma desestruturação da saúde indígena e completa ausência do Estado. É um crime humanitário. A mortalidade infantil iguala-se a alguns países africanos, chegando a 120 mortes por mil nascidos vivos, dez vezes maior do que a média nacional (12 mortes para cada mil)”, pontuou o relatório.

Com informações do PT no Senado e na Câmara

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