Ubes defende reconstrução do Brasil com Educação no centro do projeto

“Sabemos que as necessidades do povo e dos estudantes brasileiros não podem aguardar até outubro, assim como nossa luta não terminará após as eleições”, afirma a Ubes

Foto: Rebeca Belchior

Os 7 mil delegados ao 44º Congresso da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) aprovaram um conjunto de resoluções para nortear a atuação da nova diretoria da entidade, eleita na tarde deste domingo (15). Agora sob a presidência da cearense Jade Beatriz, a Ubes defende a derrota do governo Jair Bolsonaro (PL) como prioridade para a “reconstrução do Brasil”, por meio de um projeto nacional de desenvolvimento que tenha como centro a Educação.

“A próxima gestão da Ubes enfrentará um novo ciclo da Educação do País, seja com a reeleição de Bolsonaro ou com a eleição de um projeto democrático. Portanto, é fundamental a construção de uma plataforma educacional que seja a antítese do projeto de Bolsonaro, para a reconstrução do nosso país”, aponta a entidade.

De acordo com a Ubes, debates praticamente simultâneos, como o Novo Ensino Médio, o vencimento do PNE (Plano Nacional de Educação), a construção do SNE (Sistema Nacional de Educação e a renovação da Lei das Cotas “exigirão muita formulação”. Sem contar a efetivação do Novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) e o Novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Leia também: Novo Ensino Médio pode aumentar desigualdade, dizem ex-ministros

“Sabemos que as necessidades do povo e dos estudantes brasileiros não podem aguardar até outubro, assim como nossa luta não terminará após as eleições”, afirma a Ubes. “As frequentes ameaças de um golpe feitas por Bolsonaro precisam ser levadas a sério. É necessário ter como exemplo nossos irmãos latino-americanos, que através da mobilização permanente nas ruas e nas redes barraram tentativas de golpe e elegeram governos populares.”

Foto: Facebook.com/UbesOficial

A Ubes diz mirar a “defesa” e o “aprimoramento” de “um Projeto Nacional de Desenvolvimento Sustentável que tenha a educação como centro e que seja o horizonte para a reconstrução do Brasil”. Além disso, lembra, “é de suma importância também a redemocratização do Fórum Nacional de Educação”, para que este se converta num “espaço de formulação que responda às necessidades da Educação brasileira”. Tudo para viabilizar a “Educação pós-pandemia”.

“Com o processo de retomada ao ensino presencial, surge a principal questão deste tempo: como combater o abandono escolar?”, indica a Ubes. “Além de criar condições para o nosso retorno às salas de aula, precisamos também de uma Escola que nos faça sentido (…). Defendemos uma escola com gestão democrática, onde a comunidade escolar possa escolher seu Diretor e também o respeito à livre organização de nós, estudantes, a partir da Lei do Grêmio Livre”.

A inclusão é outra demanda dos estudantes. “O direito à educação pública, gratuita e de qualidade a todas e todos perpassa por garantia de acesso à tecnologia como ferramentas de aprendizado e convivência com o mundo atual. É preciso democratizar a internet, levando o 5G para todas as escolas e estudantes nos mais diferentes lugares do país, utilizando os recursos disponíveis no Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações”, propõe a Ubes.

Leia também: Governo Bolsonaro quer o desmonte da educação pública no Brasil

Outro desafio para a entidade é convencer os jovens a se engajarem nas lutas atuais. Um bom ponto de partida foi o recorde de alistamento na Justiça Eleitoral: mais de 2 milhões de jovens de 16 a 18 anos tiraram o título de eleitor apenas em 2020. “Agora, nossa missão é dar consequência a esses números de títulos também como organização”, resume a Ubes. Os secundaristas querem “transformar essa vontade de votar em participação real e organização estudantil nos grêmios, passeatas e mobilizações em geral”, além de “construir um processo permanente de luta”.

“Seguiremos mobilizados na construção das bases do movimento estudantil, na luta por educação e por uma escola mais democrática e popular”, diz uma das resoluções. “Neste próximo período, será central reorganizar a Ubes pelas bases, através dos grêmios estudantis, Umes e UEEs. É fundamental também o fortalecimento dos fóruns da entidade como o Enubes, Enet, Encontro de Mulheres, o Encontro de Estudantes da Amazônia e o Encontro LGBTQIA+, que são espaços fundamentais de organização, mobilização de lideranças e fortalecimento do movimento estudantil.”

Foto: Facebook.com/UbesOficial

As resoluções indicam, ainda, a construção de Comitês Bolsonaro Nunca Mais “nas escolas de todo o País”. Já para agosto, mês dos estudantes, a Ubes conclama os secundaristas a “uma grandiosa Jornada de Lutas”, para acumular força e disputar as ruas. Nós, secundas, fomos protagonistas da resistência ao governo Bolsonaro e seremos ainda mais essenciais daqui até as eleições e na luta na defesa da democracia”.

Para “se livrar das heranças malditas do Governo Bolsonaro e Temer”, a Ubes reivindica a revogação da Emenda Constitucional 95 – que impôs o teto de gastos –, bem como das reformas da previdência e trabalhista. As resoluções citam também “a valorização do salário mínimo através de uma Lei do Reajuste, a taxação dos lucros e dividendos e a retomada dos programas sociais dos governos populares”.

Autor