Zelensky demite inteligência sob acusações de traição

O presidente ucraniano está mexendo em cargos de alta confiança de seu governo, que, supostamente, estariam colaborando com a Rússia.

Iryna Venediktova e Ivan Bakanov

O governo ucraniano em Kiev está abalado por expurgos em pleno acirramento da guerra com a Rússia. Segundo o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, mais de 60 funcionários do serviço de segurança e da promotoria agiram contra a Ucrânia em territórios ocupados pelos russos. Ao todo, 651 investigações de traição e colaboração foram abertas contra autoridades policiais.

No domingo, o presidente ucraniano disse que Ivan Bakanov foi removido do cargo de chefe da agência de segurança doméstica SBU e Iryna Venediktova foi removida do cargo de procuradora-geral, citando dezenas de casos de colaboração com a Rússia por funcionários de suas agências. Os dois funcionários expurgados estão agora sob investigação.

Nesta segunda-feira, Zelensky nomeou Vasyl Maliuk, um experiente oficial de segurança e combatente da corrupção, como chefe interino da SBU. No dia anterior, ele havia substituido Venediktova por seu vice Oleksiy Symonenko como o novo procurador-geral.

As acusações têm mais relação com responsabilidade das chefias por colaboração de vários de seus funcionários com a Rússia.

Perfil

Bakanov, 47, é amigo de infância e ex-sócio de Zelenskyy. Ele ajudou a administrar os negócios de mídia de Zelenskyy durante sua carreira na televisão e, em seguida, liderou a campanha que viu Zelenskiy mudar de interpretar o presidente em uma comédia para ser eleito em uma vitória esmagadora na vida real.

Zelenskyy o nomeou para chefiar o Serviço de Segurança da Ucrânia (Sluzhba Bespeky Ukrayiny, ou SBU) em agosto de 2019.

Venediktova, 43, a primeira mulher a servir como procuradora-geral da Ucrânia, ganhou elogios internacionais por seu esforço incansável para reunir provas de crimes de guerra contra a Rússia.

Quando assumiu o cargo em 2020, Venediktova foi encarregada de implementar reformas para conter a ineficiência e a corrupção em seu escritório.

Justificativas

Zelensky disse, no domingo, que mais de 60 funcionários suspensos estavam trabalhando contra a Ucrânia em território ocupado pela Rússia.

Ele disse que 651 processos criminais foram registrados por alta traição e colaboração por funcionários de promotorias, órgãos de investigação pré-julgamento e outras agências de aplicação da lei.

“Um número tal de crimes contra as bases da segurança nacional e as ligações entre os funcionários ucranianos e os serviços especiais russos traz perguntas muito sérias aos responsáveis”, disse Zelensky. “Cada uma destas perguntas será respondida”, acrescentou.

Andriy Smirnov, vice-chefe do gabinete presidencial da Ucrânia, disse: “Seis meses de guerra, continuamos a descobrir muitas dessas pessoas em cada uma dessas agências”.

Suspeitas

Hoje mesmo o ex-chefe da SBU da Crimeia foi preso sob acusação de alta traição e transmissão de informações aos russos. Ele é um dos muitos altos funcionários dos serviços de inteligência que foram acusados ​​de colaborar com os invasores.

“Foram coletadas evidências suficientes para denunciar essa pessoa por suspeita de traição. Todas as suas atividades criminosas estão documentadas”, disse Zelensky.

Quanto a Venediktova, Klain disse que foi acusada de não reformar seu escritório e de permitir que investigações de suborno fossem sabotadas.

Em seu pronunciamento vespertino, Zelensky também falou do poderio militar devastador que Moscou usou contra a Ucrânia, e disse que as forças russas dispararam mais de 3.000 mísseis de cruzeiro contra alvos na Ucrânia.

A guerra na Ucrânia completará cinco meses em 24 de julho.

Com informações das agências