Militares do Alto Comando do Exército criticam ataques de Bolsonaro às urnas

Eles entraram em contato com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para informar que não endossam os ataques feitos pelo presidente ao sistema eleitoral

Foto: Reprodução

Bolsonaro pode ficar isolado na sua tentativa de desacreditar a segurança das urnas eletrônicas como fez numa reunião com embaixadores na segunda-feira (18) no Palácio da Alvorada. Militares do Alto Comando do Exército entraram em contato com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para informar que não endossam os ataques feitos pelo presidente ao sistema eleitoral brasileiro.

O presidente, que faz acusações sem provas, não contou com a presença dos comandantes das Forças Armadas no fatídico encontro com os diplomatas. De acordo com o jornalista Valdo Cruz, colunista do G1, os militares estão insatisfeitos com a postura do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, visto por eles “como mais como político do que como militar”.

“Segundo militares da ativa, Bolsonaro ultrapassou todos os limites ao reunir embaixadores sediados em Brasília para fazer ataques contra ministros do STF e contra o processo que rege as eleições do país. Na avaliação desses militares, o encontro serviu para desgastar ainda mais a imagem do Brasil no exterior”, diz o colunista que conversou com ministros da corte.

O ministro da Defesa, segundo os seus colegas, era classificado dentro do Exército como um militar “sensato”, mas que acabou mudando de postura ao assumir o ministério.

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O colunista diz ainda que a decisão dos militares de mostrar que não estão alinhados ao discurso presidencial, num momento em que Bolsonaro subiu ainda mais o tom, foi bem recebida dentro do STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“O presidente da República pode acabar ficando isolado em sua estratégia política, restando a ele se apoiar no restrito grupo de apoiadores de primeira hora e nos militares da reserva que levou para dentro do governo”, prevê o jornalista.

Presidente do TSE, Edson Fachin (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

TSE

Após as ameaças ao sistema eleitoral, o presidente do TSE, Edson Fachin, defendeu que as Forças Armadas são um órgão do Estado, e não de um único governo. “É hora de dizer basta à desinformação e ao populismo autoritário que coloca em xeque a conquista da Constituição de 1988”, disse.

Em nota, o TSE informou que as três propostas para o aprimoramento das eleições, indicadas como não acolhidas pelo ministro da Defesa, já foram analisadas e consideradas. De acordo com a corte, elas receberam, como dezenas de outras propostas, os devidos encaminhamentos, que respeitaram a legislação eleitoral em vigor.

“Em relação ao Teste de Integridade, que ocorre no dia da eleição, a verificação faz parte do calendário de auditorias do sistema eletrônico, sendo regulamentado por norma específica, que deve ser rigorosamente cumprida pelos técnicos da Justiça Eleitoral e pelo pessoal de apoio logístico. Para o pleito deste ano, é importante destacar que o TSE multiplicou por seis a quantidade de urnas que serão avaliadas durante o teste”, diz um trecho da nota.

Além disso, o TSE ressaltou que o Ciclo de Transparência das Eleições teve início um ano antes do pleito, em 4 de outubro de 2021, quando o código-fonte foi disponibilizado pelo Tribunal para a fiscalização das entidades habilitadas para esse fim, e que inclui as Forças Armadas. Antes, essa medida era tomada a seis meses do pleito.

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