O voto decisivo das mulheres: Por que elas preferem Lula?

O cientista político Felipe Nunes levanta a hipótese de que o foco nas políticas sociais desde o início do primeiro governo Lula (2003) garantiu ao petista a preferência desse eleitorado

Foto: Ricardo Stuckert

Embora a última pesquisa DataFolha tenha indicado que Bolsonaro subiu na preferência do eleitorado feminino, onde ganhou seis pontos percentuais [acima da margem de erros], ele ainda perde para Lula nesse segmento por grande diferença: 46% a 27%. Entusiasmado, aliados do presidente investem na divulgação de ações do governo para mulheres, pois se trata de uma parcela da sociedade decisiva para o resultado das eleições.

Isso porque, eles dão como perdido o voto da juventude onde 51% preferem Lula ante 20% de Bolsonaro. Mas acham que nas mulheres dá para reverter a situação apostando ainda nos efeitos dos benefícios aprovados pelo Congresso. Elas representam, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 53% do eleitorado brasileiro.

O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria, vê justamente nas ações sociais executadas pelos governos de Lula a justificativa pela boa performance do ex-presidente. Ele levanta a hipótese de que o foco nas políticas sociais desde o início do primeiro governo Lula (2003) garantiu ao petista a preferência desse eleitorado.

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“Até a sua reeleição, em 2006, Lula era mais votado por homens do que por mulheres. Sua vantagem sobre Alckimin [Geraldo, candidato a presidente do PSDB na época e atual vice na chapa de Lula] nos homens era 14 pontos maior do que sobre as mulheres. A partir daquele ano, o cenário começou a mudar e vantagem do PT sobre os homens foi diminuindo”, lembrou Nunes.

Mas por que as mulheres passaram a votar mais em Lula e no PT? “Tenho uma hipótese! Tanto Lula quanto seu partido, quando surgiram, ‘falavam’ mais com os homens do que com as mulheres. Eles formavam a maioria da base da militância sindical petista nos anos 80. A partir do momento, porém, em que o PT ocupou a Presidência em 2003, e focou seu governo na implementação de políticas sociais, essa relação se alterou. Programas como o Bolsa Família colocaram a mulher no centro da política pública”, explicou o cientista.

De acordo com ele, o fato de serem as mulheres [e não seus maridos, companheiros ou filhos] as titulares do cartão de acesso ao benefício é apenas um exemplo desse protagonismo.

Deputada Jandira Feghali (Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara dos Deputados)

Resistência

“Bolsonaro deputado votou contra auxílios para a maioria pobre. Bolsonaro presidente achatou renda, desempregou, precarizou e dificultou acesso à aposentadoria e pensão. Agora, para ganhar voto, quer dizer que é pai dos pobres? O povo não é bobo e as mulheres não se enganam. Fora!”, criticou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) aposta que a rejeição a Bolsonaro nesse segmento vai continuar. “Às vésperas da eleição Bolsonaro tenta atrair as mulheres, pois sabe que o eleitorado feminino é decisivo para uma vitória eleitoral. Mas as mulheres foram linha de frente na luta pelo #EleNão e seguem sendo maioria na resistência e rejeição a esse governo autoritário”, escreveu no Twitter.

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