Recenseadores vão às ruas, apesar de Bolsonaro

Presidente foi responsável pelo adiamento da pesquisa e corte no orçamento do IBGE. Realização do Censo em 2022 foi assegurada por decisão do STF.

Realizado a cada dez anos, o Censo traça o retrato da população e de suas condições de vida – Foto: Simone Mello/Agência IBGE Notícias

Os recenseadores contratados por meio de concurso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o Censo 2022 começaram nesta semana a ir para as ruas. A pesquisa teve início nesta segunda-feira (1) a partir de uma entrevista com Bolsonaro, que, paradoxalmente, foi responsável pelo seu adiamento, além de ter cortado o orçamento do órgão.

Em vídeo publicado nas redes sociais no qual aparece ao lado do presidente do IBGE, Eduardo Luiz Neto, o presidente, que desde o primeiro ano de mandato questiona os dados apresentados nas pesquisas pelo IBGE, agradeceu a todos os recenseadores. Embora o levantamento programado para ser realizado em 2020 tenha sido adiado, primeiramente, por conta da pandemia da Covid, deveria ter acontecido em 2021, também não foi realizado no ano passado, quando Bolsonaro alegou falta de recursos. No ano passado, o governo cortou quase a totalidade da verba destinada à realização do censo, que era de R$ 2 bilhões.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A pesquisa só está sendo, finalmente, realizada, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). No ano passado, após a o cancelamento do censo por Bolsonaro, o então ministro da corte, Marco Aurélio, determinou que fosse realizado ainda em 2021. Depois, o plenário do STF determinou a realização em 2022. O lançamento oficial do censo aconteceu nesta segunda-feira (1), em cerimônia no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Gênero e orientação sexual

Ainda no ano passado, o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Lucas Costa Almeida Dias, solicitou a verificação da não inclusão dos campos referentes à identidade de gênero e à orientação sexual nos questionários básico e amostral do censo.

Contudo, em junho último, o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargador José Amilcar Machado, suspendeu uma liminar da Justiça do Acre que obrigava o IBGE a incluir as perguntas que identificariam a população LGBTQIA+, acatando os argumentos do instituto.

O IBGE havia alegado a impossibilidade de implementação das questões em tempo hábil, e que o adiamento do processo para inclusão de perguntas afetaria a contratação dos 25 mil servidores temporários e 183 mil recenseadores já selecionados, além de comprometer mais uma vez o orçamento do órgão.  

Com tantas idas e vindas para a realização da pesquisa, houve um atraso no cronograma do IBGE e, ainda na semana passada, o órgão precisou lançar um edital de contratação de 15 mil recenseadores, que serão treinados enquanto os demais já foram às ruas. Isto ocorreu porque os editais de contratação de recenseadores chegaram a ser cancelados duas vezes por conta dos adiamentos do censo. Além disso, quando o concurso foi realizado, nem todas as vagas foram preenchidas.