Lula não dará trégua às queimadas e quer evitar casos como de Bruno e Dom

O ex-presidente disse que num eventual governo será duro contra desmatamento e quer evitar casos como os assassinatos do indigenista e do jornalista inglês

Lula durante a entrevista coletiva à imprensa internacional (Foto: Ricardo Stuckert)

Caso eleito, Lula disse que empreenderá “uma luta muita dura” contra o desmatamento e queimadas na Amazônia. De acordo com ele, essa não será uma batalha só do governo, mas envolverá prefeitos, lideranças sindicais, igrejas e ministério público. “Ou seja, não é tarefa de uma pessoa, é tarefa do país se a gente quiser ser respeitado no mundo”, disse ele nesta segunda-feira (22) durante coletiva à imprensa internacional em São Paulo.

O ex-presidente afirmou que a questão climática será prioridade do seu governo e não haverá meio termo, porque o país precisa firmar compromissos internacionais. “Portanto, essa parceria que nós queremos construir para preservar o clima é muito séria e importante. Se a gente tiver muito cuidado vai evitar que se repita o que aconteceu com o Dom e o Bruno”, disse.

O indigenista Bruno Pereira, funcionário licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do The Guardian, foram assassinados no dia 5 de junho, em Atalaia do Norte, no oeste do Amazonas. Eles voltavam de uma excursão no Vale do Javari, região do estado com maior população de isolados do planeta, quando foram vítimas de uma emboscada feita por pescadores ilegais.

A primeira tarefa na região, segundo o ex-presidente, será recuperar de imediato todos os instrumentos de fiscalização que tinham sido criados para combater o desmatamento. “Inclusive recuperar o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) que foi desmontado”, criticou.

Leia mais: Sob Bolsonaro, Amazônia padece em chamas pelo quarto ano seguido

Além disso, o candidato prometeu reforçar a Polícia Federal (PF) para que esteja presente na região. “A gente vai ter que reforçar nossas fronteiras. São quase 16 mil quilômetros sem nenhuma proteção. É preciso que a gente cuide de proteger para evitar muitas coisas desde o tráfico de drogas ao tráfico de armas. Sabe [evitar] que os bandidos transitem livremente pela fronteira brasileiras com todos os países da América do Sul”, disse.

Região do Vale do Javari (Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real)

Sobre as queimadas, Lula disse que elas ocorrem em áreas que possuem “dono, endereço e identidade” e defendeu acabar com os conflitos entre os órgãos federais para que o problema seja resolvido. Também disse que é preciso responsabilizar os prefeitos para construir uma política contra o desmatamento e pela preservação do clima.

“São eles que estão na cidade. São eles que sabem de quem são as terras, conhecem os donos da propriedade. É plenamente possível. Eu só não quero utilizar o desmatamento zero porque eu não quero beirar aqui a perfeição, mas é possível você fazer uma luta muito dura contra o desmatamento e contra as queimadas nesses país, envolvendo os nossos prefeitos em cada cidade, envolvendo o movimento sindical, as nossas as nossas igrejas e ministério público”, afirmou.

Ministério

O ex-presidente também reafirmou o seu compromisso em criar um ministério para tratar dos interesses indígenas e a futura pasta será comandada por eles. “A segunda coisa que nós queremos, eu já disse publicamente, é que nós vamos criar um ministério dos povos originários. É preciso que a gente saiba de uma vez por todas que os nossos indígenas já têm maioridade e que eles vão cuidar da Amazônia”, avisou.

Autor