Bancários decidem sobre greve na próxima semana

Fenaban apresenta proposta insatisfatória para vale refeição e alimentação, e nada diz sobre reajuste salarial. Na sexta-feira, assembleias permanentes da categoria começam em todo o país para analisar negociações.

Augusto Vasconcelos discursa em mobilização de bancários de Salvador.

Diante de uma proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) que não atende às reivindicações da categoria, os bancários de todo o país ameaçam deflagrar greve, na próxima semana. Sindicatos e Federações de bancários de vários estados realizam assembleia permanente, a partir da próxima sexta-feira (26), para avaliar a proposta.

Na assembleia realizada nesta terça (23), o Comando Nacional dos Bancários, que reúne entidades representativas de todo o país, voltou a recusar a proposta da Fenaban de reajuste do vale alimentação e vale refeição pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), estimado em 8,88% pelo Banco Central. A classe reivindica um índice que cubra a inflação dos alimentos, cuja estimativa é de 15,37% na data base, 1º de setembro. Não houve proposta de reajuste salarial.

“Estamos na 14ª rodada de negociação com a Fenaban. O setor mais lucrativo da economia não aceita sequer repor a inflação. Um desrespeito!”, declarou o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos. BB, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander lucraram R$ 56,5 bilhões, de janeiro a junho deste ano. Crescimento de 14,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Com o reajuste de 100% do INPC que eles ofereceram, o valor do VR passaria de R$ 41,92/dia para R$ R$ 45,65/dia. O VA passaria de R$ 726,71/mês para R$ 791,24/mês, aumento de R$ 64,53 (considerando a estimativa atual de 8,88%).

A proposta feita também foi fruto da rejeição de uma anterior, ainda menor. Segundo Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a rejeição garantiu um reajuste maior, ainda insuficiente. “Os bancários querem ser valorizados e querem recuperar o poder de compra dos tickets, já muito defasados diante dos preços exorbitantes dos alimentos. O que a Fenaban oferece, apesar de repor a inflação geral, ainda representa perdas porque não alcança o aumento dos preços nos mercados.”

O presidente interino do Sindicato dos Bancários de Sergipe (Seeb-SE), Everton Castro, continua em São Paulo, participando das rodadas de negociação presenciais entre o Comando dos Bancários e a Fenaban. A PLR (Participação nos Lucros e Resultados) será o foco da negociação desta quarta-feira (24), a partir das 14h.

“Estamos em fase decisiva da nossa campanha. Estamos chegando à data limite para as negociações, temos de nos preparar caso as negociações persistam no patamar de desrespeito, com propostas que não atendam nossas necessidades, que não recompõem as perdas com a inflação nos salários da categoria ou redução da participação nos lucros e resultados (PLR)”, destaca Castro.

Vasconcelos, por sua vez, afirma que a classe reivindica emprego, mas também saúde, segurança e melhores condições de trabalho. “Os bancários não aceitarão perda de direitos e vamos lutar até o fim para garantir a manutenção da nossa Convenção Coletiva de Trabalho”.

“Estamos adoecendo nas agências com tanta sobrecarga de trabalho e metas abusivas. Os bancos continuam lucrando bilhões, mesmo diante de uma crise econômica e social que atinge nosso povo”, criticou o sindicalista baiano.

Os bancos também não apresentaram proposta de índice de reajuste para salários. Uma nova rodada de negociações está prevista para a tarde desta quarta-feira (24), quando a Fenaban deve apresentar uma proposta de participação nos lucros.

“Os bancos vêm nos dando respostas picadas, parece que estão enrolando a categoria. Por isso é muito importante que os trabalhadores participem da assembleia nesta sexta”, conclama a presidenta do Sindicato paulista.