Governo tenta recuo após desgaste com tesourada no Farmácia Popular
Após a repercussão negativa da medida, o comitê da reeleição de Bolsonaro entrou em ação para tentar reverter os prejuízos à sua campanha.
Publicado 15/09/2022 11:54 | Editado 15/09/2022 17:37
O desgoverno Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional uma proposta de Orçamento para 2023 com um corte de ao menos 50% em verbas para bancar o Mais Médicos, Farmácia Popular e a saúde indígena. Para o programa de distribuição gratuita ou com desconto de medicamentos, a tesourada é de R$ 804 milhões, redução de 60% em relação a este ano.
Após a repercussão negativa da medida, o comitê da reeleição de Bolsonaro entrou em ação para tentar reverter os prejuízos à campanha do presidente.
A diminuição de recursos, caso se concretize, deve afetar o acesso da população de baixa renda a 13 tipos diferentes de medicamentos usados no tratamento de diabetes, hipertensão e asma, além de restringir a distribuição de fralda geriátrica.
O corte nas verbas do programa é visto com preocupação por parlamentares no Congresso, que temem pelo aumento da pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) com o esvaziamento da gratuidade da Farmácia Popular.
Leia mais: Governo corta 59% da Farmácia Popular para garantir orçamento secreto
Para o líder do PCdoB na Câmara, Renildo Calheiros (PE), a redução dos investimentos no programa é uma “total irresponsabilidade deste governo”.
O parlamentar advertiu que o corte de recursos “impedirá o acesso de novas pessoas aos medicamentos gratuitos e deve deixar boa parte dos beneficiários sem remédios”. “São pessoas hipertensas, diabéticas, que não podem deixar de fazer o uso contínuo do medicamento”, ressaltou.
“O Farmácia Popular era uma política bem-sucedida e que será colocada em xeque com o corte de 60% dos recursos. Além disso, irá sobrecarregar ainda mais o SUS. Mais uma vez, Bolsonaro nega assistência a quem mais precisa”, criticou Renildo.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) comentou o provável recuo do governo: “Arregou! Diz que vai manter o Farmácia Popular. Sabem por que? Porque é um governo movido ao que dá ou tira votos. Não se deixem enganar! O que ele promete hoje não vale nada”.
Técnicos do próprio governo avaliam que o corte de 60% coloca em xeque a própria continuidade da Farmácia Popular, uma política considerada bem-sucedida. Eles lembram que pesquisas mostraram o forte impacto do programa na população de baixa renda e na redução de custos para o SUS.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também criticou o esvaziamento do programa. Em sua conta no Twitter, ela protestou: “Bolsonaro tira verba da Farmácia Popular e desvia para orçamento secreto!!! Mais um ataque ao financiamento de políticas públicas na área da Saúde. Agora, mais do que nunca, precisamos derrotar o fascismo nas urnas”.
Segundo o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), os cortes são mais uma prova de que o governo Bolsonaro “é contra o povo”.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) também criticou a medida: “O charlatão da república queria dar cloroquina até para a ema mas cortou fralda geriátrica e remédio para asma na Farmácia Popular. Bolsonaro faz mal à saúde!”.
“Bolsonaro quer cortar METADE do orçamento do Farmácia Popular e do Mais Médicos. Em resumo: ele quer sacrificar a saúde e a vida do povo para mandar dinheiro pro centrão via orçamento secreto! CORRUPTOS, destruidores do país!”, escreveu no Twitter o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
‘Recuo’ eleitoreiro
De acordo com o blog do jornalista Valdo Cruz, no G1, temendo pelo desgaste na campanha eleitoral, Jair Bolsonaro teria mandado os ministros Paulo Guedes (Economia) e Marcelo Queiroga (Saúde) reverterem os cortes feitos no orçamento do programa social.
Porém, até o momento, não houve qualquer comunicado oficial confirmando a recomposição das verbas para o financiamento da Farmácia Popular.