Governo agrava insegurança alimentar ao não reajustar valor da merenda

Relatos mostram que escolas têm apenas bolacha e suco ou estão dividindo em pequenas porções alimentos como ovo cozido. Para muitos comer na escola é a única refeição.

Imagem de refeição reduzida de escola em Minas Gerais. Foto: Reprodução / Redes Sociais

O governo federal não reajusta desde 2017 os valores destinados à merenda escolar. Para o próximo ano, estava previsto na lei orçamentária um reajuste de 34% para repor as perdas do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), responsável pelo envio de recursos para a compra da merenda nos estados e municípios. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou a proposta e a alimentação escolar que já estava à mingua, encontra-se em situação que tem alarmado gestores escolares, famílias e estudantes, ao agravar o quadro de insegurança alimentar no país.

Como traz reportagem do Estadão, muitas crianças têm na alimentação escolar a sua principal, ou única, refeição do dia. Prejudicar a composição da merenda pode fazer com que os estudantes tenham déficit nutricional, acarretando falta de vitaminas e proteínas, o que torna as crianças apáticas e com dificuldades de raciocínio.

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O jornal ainda revela como os alimentos têm faltado em diversos municípios. Em Belo Horizonte, fotos na Emei Ipiranga mostram pratos com pequenas porções de comida, com apenas a parte de um ovo.

Alimentos caros e falta nas escolas

A alimentação oferecida nas escolas ganha mais importância uma vez que o preço dos alimentos tem subido consistentemente nos últimos meses. Isso tem feito com que muitas famílias não tenham condições de comprar a variedade de alimentos necessárias para compreender a nutrição necessária, por isso os pais contam com a alimentação das escolas.

Com o Pnae defasado, se os municípios não complementam os valores, a composição da merenda fica prejudicada. Esta situação já está sendo vista em diversas cidades do país. Muitas escolas têm oferecido somente suco e bolacha aos alunos.

Estima-se que o Pnae atenda a 41 milhões de alunos nas redes públicas do país enviando proporcionalmente a cada aluno matriculado: R$ 1,07 na creche; R$ 0,53 na pré-escola e R$ 0,36 no ensino fundamental e médio.

Críticas

Em agenda em Montes Claros (MG) na quinta-feira (15), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse lamentar a volta da fome no país. Também indicou que o governo Bolsonaro colocou fim ao Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e criticou o congelamento do repasse do governo federal para a merenda escolar, que está há cinco anos sem reajuste: “Isso significa que a qualidade da merenda escolar caiu profundamente”, afirmou.

“Quem está com fome, precisa comer e o governo tem que trabalhar de forma muito rápida para aumentar a capacidade produtiva do país, para baratear o custo do alimento e fazer para aquelas pessoas que não podem comprar até o governo dar o alimento, sem nenhum bandido ameaçando a liberdade política de qualquer pessoa que precisa de uma cesta básica”, completou Lula.

Com informações Estadão