Funcionário denuncia perseguição política no Ministério da Agricultura

Servidor Público Federal concursado, Flauzino Antunes, denuncia perseguição política por exercer atividades sindicais e por ter sido candidato a deputado federal pelo PCdoB-DF.

Funcionário público federal, o economista Flauzino Antunes Neto denuncia perseguição político-partidária que levou ao processo de sua demissão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ele que é dirigente sindical e foi candidato a deputado federal pelo PCdoB nas eleições deste ano, aponta injustiça aplicada contra ele.

Flauzino que é servidor concursado assumiu o cargo de economista no antigo Ministério do Desenvolvimento Agrário em 2010 e com a extinção do órgão em 2019 passou a trabalhar no Mapa sob o governo Bolsonaro.

De acordo com o funcionário público, toda a fase de apresentação da defesa ocorreu em prazo recorde e já está na mão do Ministro a portaria com o pedido de sua demissão. Para Flauzino, a penalização foi totalmente desproporcional e com viés político-partidário pela sua atuação em defesa do funcionalismo e também por ter sido candidato.

O economista ressalta que está sendo injustiçado já que nunca deixou de desempenhar suas atividades. “Sempre cumpri as metas, por exemplo, o ano passado recebi nota máxima na avaliação anual, já que cumpri todo o planejamento de trabalho e nada justifica eu ser demitido agora”, justificou.

Flauzino contou que antes de se registrar como candidato pediu licença do cargo público, em obediência a lei eleitoral, que foi concebida de julho até outubro deste ano. E que estão o acusando de usar o teletrabalho na época da pré-candidatura para atividades políticas.

Neste sentido, o economista ressalta que para este tipo de desentendimento, o trabalhador deveria ter o direito de ser acionado para debater uma “compensação de horário, dialogar sobre o assunto e ter resolvido sem essa atitude drástica”, ponderou.

“Por isso, acredito que essa ação foi uma forma de coibir e deixar como exemplo que os funcionários não podem participar de atividades inerentes à luta da própria categoria, infringindo o direito de livre associação e participação em atividade sindical, que a Constituição garante ao trabalhador”.

Solidariedade

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) emitiu nota de apoio e solidariedade ao dirigente que é presidente da entidade no Distrito Federal. Segundo o texto, o funcionário vem sofrendo uma perseguição implacável que pode se consumar em demissão arbitrária e ilegal.

“Trata-se, na realidade, de uma retaliação à atuação firme do sindicalista no exercício do mandato classista em defesa dos servidores e do conjunto das trabalhadoras e trabalhadores. Ou seja, estamos diante de uma prática antissindical, autoritária e inaceitável, que infelizmente vem proliferando neste ambiente político e social sombrio criado pelo atual governo”.

Também em solidariedade ao funcionário, um manifesto está sendo organizado por colegas para que ele consiga uma audiência com o chefe da pasta para que possa se defender e se retratar. “Recebi muito apoio de não sindicalistas, mas também de entidades sindicais, partidos e confederações trabalhistas”, disse Flauzino.

Trecho do manifesto aponta a perseguição política sofrida pelo funcionário público: “A motivação provável desses chefes é que, por serem bolsonaristas, resolveram retaliar nosso colega, não por erros ou mau relacionamento, mas simplesmente porque ele, além de exercer mandatos classistas e sindicais em defesa dos servidores e do conjunto das trabalhadoras e trabalhadores, foi primeiramente pré-candidato e, por fim, saiu para ser candidato a deputado federal por uma legenda tradicional da esquerda brasileira, o PCdoB”, aponta o texto.

“Operação carne fraca”

Flauzino lembrou de uma operação da Polícia Federal em 2017, sob o governo de Michel Temer, que descobriu fraudes e irregularidades cometidas por frigoríficos de grandes companhias que contavam com o apoio de funcionários do Ministério da Agricultura. “Deram um rombo com prejuízos de milhões de reais desviados e a maioria desses casos de envolvimento de funcionários ainda não foi julgado. Em dois meses já fui julgado como se eu fosse um monstro”, completou.

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