Muita tecnologia e pouca inclusão na Copa do Catar

Fifa ameaçou com sanções as seleções que entrarem em campo com braçadeiras com as cores do arco-íris em apoio à comunidade LGBTQIA+.

Foto: @LOC/ Fifa World Cup 2022

A Copa do Mundo de futebol masculino começou no domingo (20) com o jogo entre os anfitriões do Catar e o Equador. O resultado foi 0x2 para os sul-americanos.

Mas além de futebol, os torcedores e a imprensa que estão no país árabe têm se deparado com a oposição entre tecnologia e retrocessos quanto à inclusão.

As imagens e as informações que têm chegado são de que o país surpreende com alta tecnologia e arquitetura de vanguarda, principalmente na capital Doha. Os avanços também foram levados para as quatro linhas, com estádios climatizados em meio ao clima desértico, com o impedimento semiautomático e a bola conectada.

Por outro lado, a sociedade catari convive com leis que criminalizam homossexuais e com acusações de violação de direitos humanos, principalmente contra as mulheres, que são reprimidas em diversas dimensões pelos homens.

Para completar, as obras de construção dos estádios tiveram inúmeras denúncias de trabalhadores, em especial migrantes, em situação análoga à escravidão.

Braçadeira One Love

A homossexualidade é considerada crime no Catar. Como forma de protesto países europeus pretendiam utilizar uma braçadeira com as cores do arco-íris e a inscrição “One Love” em apoio à comunidade LGBTQIA+.

Porém, com pressão da Fifa que indicou a possibilidade de sanções às equipes dentro e fora de campo, as seleções desistiram da manifestação. O capitão da Inglaterra Harry Kane que iria entrar em campo com a braçadeira com a cores do arco-íris teve que trocá-la para não iniciar a partida com um cartão amarelo. No lugar ele utilizou uma braçadeira da campanha da Fifa contra o racismo com os dizeres “No Discrimination” (“Sem Discriminação”).

Antes do início do jogo contra o Irã, que a Inglaterra venceu por 6×2, os jogadores da seleção europeia se ajoelharam em protesto que seguem desde o assassinato brutal pela polícia do norte-americano George Floyd. Os protestos são parte do movimento “Vidas Negras Importam”.

Ao contrário dos jogadores que evitaram menção de apoio aos direitos LGBTQIA+ com a faixa no braço, a ex-atleta e comentarista BBC Sports, Alex Scott, esteve na cobertura em campo, antes da partida, com a braçadeira “One Love”.

Foto: Reprodução de vídeo

Presidente da Fifa

Em uma coletiva de imprensa antes da abertura da Copa, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, tentou minimizar as críticas ao torneiro realizado no Catar.

A tentativa de contemporizar a falta de inclusão no país passou por Infantino dizendo que se sente como catari, árabe, gay, africano e deficiente. Ele também falou que se sentia como um trabalhador e que via evoluções no país árabe.

Para completar, trouxe uma experiência pessoal ao dizer que sofreu bullying durante a infância por ser ruivo na Suíça, sendo italiano.

A fala gerou revolta nas redes não só por não oferecer explicações e não oferecer um pedido de desculpas, pelo contrário. O que o presidente da Fifa fez foi oferecer uma justificativa com base em uma comparação bizarra. O fato teve uma repercussão extremamente negativa na imprensa e na sociedade.

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