Novo recorde de mortes por Covid-19 no Brasil

Milhares de lares devem passar parte do mês de janeiro, novamente, enlutados ou cuidando de familiares e conhecidos doentes por Covid-19, muitos gravemente.

Foto: Sérgio Lima

O Brasil se aproxima do fechamento da semana epidemiológica (SE) 50 (11 a 17-Dez-2022) com cerca de 1.100 mortes evitáveis por Covid-19, maior número semanal desde a SE/34 (21 a 27-Ago-2022) ou dos últimos 4 meses.

Além disso, temos em torno de 80 milhões de brasileiros sem a primeira dose de reforço da vacina contra a Covid-19, outros 24 milhões sem a segunda dose de reforço e os mais de 10 milhões que sequer tomaram a primeira dose do esquema básico. Felizmente, nossa democracia resistiu e pôs fim ao Governo Bolsonaro, que se despede mergulhando os brasileiros em novo ciclo de infecções e mortes evitáveis, em plena turbulência do comércio, de mais aglomerações da Copa do Mundo de Futebol e na véspera dos festejos de fim de ano (confraternizações diversas, natal e ano novo).

Milhares de lares devem passar parte do mês de janeiro, novamente, enlutados ou cuidando de familiares e conhecidos doentes por Covid-19, muitos gravemente. O próximo Governo precisa, inadiavelmente, de um Ministério da Saúde fortemente alinhado com uma gestão responsável, técnica, em estreito diálogo com a ciência e com as principais necessidades dos usuários, trabalhadores e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS).

É inaceitável ver o Ministério da Saúde ser tratado como um balcão de negócios político-partidário, em cenário de grave crise sanitária, bem como de subfinanciamento e desastrosa gestão do SUS, como a do Programa Nacional de Imunizações (PNI). É imperativo não apenas a exemplar punição dos responsáveis pelos cerca de 700 mil mortos por Covid-19 no Brasil, como também a reconstrução da imagem do desacreditado Ministério da Saúde, em particular da figura do Ministro de Estado da Saúde, vilipendiada por astutos, desqualificados e irresponsáveis personagens nos últimos anos.

Um bom começo poderia ser o inédito anúncio de uma Ministra da Saúde, dando às mulheres mais oportunidades e protagonismo onde sempre foram colocadas em papeis de menor importância, mesmo sendo maioria na saúde pública brasileira, sabidamente solidárias e competentes.

Jesem Orellana
Epidemiologista Fiocruz/Amazônia

(BL)

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