Saúde quer acelerar exames e cirurgias

Aumentar a cobertura vacinal também está entre as prioridades dos cem primeiros dias da ministra Nízia Trindade

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante cerimônia de investidura no cargo. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério da Saúde prevê a realização de uma ampla campanha de vacinação para o mês de fevereiro, com o objetivo de retomar os altos índices de cobertura vacinal no país. Além disso, planeja mutirões de cirurgias para diminuir as filas. As informações foram anunciadas pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, na terça-feira (10). 

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, para discutir as ações prioritárias da pasta nos primeiros 100 dias de governo. Após o encontro, ela conversou com jornalistas, no Palácio do Planalto, e elencou as ações prioritárias do ministério para os cem primeiros dias de gestão.

A ministra disse que planeja realizar mutirões de cirurgia com ações em janeiro, fevereiro e março, e “ações mais fortes” a partir de abril. Ainda não há detalhamento sobre o formato dos mutirões e é possível que eles sejam divididos para focar nas necessidades específicas de cada região, a depender das filas de espera.

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“Estamos trabalhando na elaboração de um plano emergencial para a realização de diagnósticos, para cirurgias, como um dos pontos centrais de atuação”, disse ela. Para isso, ela quer recuperar a “boa relação interfederativa” com estados e municípios na formulação das políticas de saúde.

Para reestabelecer a coordenação nacional sobre o sistema de saúde, ela pretende discutir com o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde [Conass] e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde [Conasems], no dia 26 de janeiro, para a definição conjunta desse plano.

Cobertura vacinal

A ministra também está priorizando, neste início de governo, o aumento da cobertura vacinal infantil, em forte queda. O calendário nacional de vacinação contém 20 vacinas para crianças e adolescentes, que ela pretende aplicar até mesmo em escolas. A prioridade também inclui a vacinação contra covid.

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A ministra também falou sobre o planejamento da imunização contra a covid-19 dentro do calendário de vacinação. “A vacina covid vai estar no calendário regular do Programa Nacional de Imunizações, mas nós temos a grande tarefa de recuperar as altas coberturas vacinais no Brasil. Por isso, o foco em vacinas da infância é muito importante também, então também estamos falando da recuperação das altas coberturas vacinais”, ressaltou.

“A câmara técnica assessora está reunida neste momento para que possamos, em fevereiro, dar início de forma mais efetiva a essa campanha”, disse Nísia.

Na sexta-feira (6), o Ministério da Saúde assinou um aditivo para a compra de 750 mil doses da Coronavac, para ampliação da imunização do público infantil. Segundo a pasta, o lote deve ser entregue nos próximos dias e um novo aditivo deve ser assinado totalizando a aquisição de 2,6 milhões de doses do laboratório.

“Nós já adquirimos vacinas do Instituto Butantan contra Covid-19 para uso pediátrico, estamos trabalhando também com a Pfizer com esse mesmo objetivo, garantindo que haja vacina”, disse.

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Farmácia Popular

A ministra também falou sobre o fortalecimento do programa Farmácia Popular, que sofreu perdas de orçamento e desorganização no último governo. No ano passado, o governo Bolsonaro anunciou corte de 59% da verba do programa para o Orçamento de 2023. A retomada do programa virou uma das principais promessas de campanha de Lula, durante a campanha eleitoral.

Entra as melhorias que o programa deverá receber está a lista de medicamentos oferecidos pelo Farmácia Popular, que deverá ser ampliado.

Nísia Trindade voltou a dizer que, nas próximas semanas, deverá revogar medidas da pasta tomadas “sem base científica, que não tenham amparo legal ou que contrariam princípios do Sistema Único de Saúde”. São protocolos e portarias criados durante a pandemia que desinformam para medidas científicas reconhecidas internacionalmente. 

Além disso, por ordem da nova gestão, a pasta está revisando todos os contrato em vigor. 

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Mais Médicos

Nísia criticou a fragilização do programa Mais Médicos, nos últimos anos. O objetivo do programa é levar profissionais para as localidades mais remotas e periféricas do país, tendo apelado a profissionais estrangeiros, diante do desinteresse dos médicos brasileiros. Para ela, o enfraquecimento do programa deixou um vazio de assistência de saúde, e que agora ela pretende criar melhores incentivos para os médicos participarem da política.

“O que nós estamos trabalhando é uma visão de incentivo para que os médicos brasileiros possam ter uma participação maior nesse programa”, disse ela, não considerando, nesse momento, o retorno dos médicos cubanos, afastados por Bolsonaro. 

Ela falou que não pretende fazer alterações legais nas atuais regras do Mais Médicos, que foram estabelecidas no governo anterior, que chegou a rebatizar a iniciativa de Médicos pelo Brasil. Haverá um esforço pela atração de médicos brasileiros, podendo buscar os profissionais estrangeiros, caso seja necessário.

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Na entrevista, Nísia Trindade também criticou a “desestruturação de muitos programas” da pasta, como o Rede Cegonha, voltado para a saúde da mulher grávida. “O Brasil aumentou seus índices de mortalidade materna, e eu considero isso inaceitável”, comentou. Ela se comprometeu a recuperar essa e outras iniciativas, especialmente na área de saúde sexual e reprodutiva, que foram afetadas por visões ideológicas no governo anterior, segundo a ministra.  

Confira algumas pautas prioritárias citadas pela ministra para os cem primeiros dias de governo:

  • Elaboração de um plano emergencial para redução de filas para diagnósticos e cirurgias eletivas;
  • Transparência da Câmara Técnica Assessora para Imunizações (CTAI) e recuperação da conversa com a sociedade cientifica
  • Inclusão da vacina Covid-19 no Calendário Nacional de Vacinação;
  • Fortalecimento da saúde da população negra e indígena;
  • Ações emergenciais para a população Yanomami;
  • Reforço do diagnóstico do câncer do colo do útero.