Líder do governo diz que “Caso do Val” é com psicólogo e polícia

Senador Marcos do Val mudou a versão e disse que Bolsonaro apenas ouviu Daniel Silveira propor que ele participasse de um plano golpista

Flávio Bolsonaro e Marcos do Val (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O líder do governo Lula no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), reagiu com discrição sobre o recuo do senador Marcos do Val (Podemos-ES) no depoimento pelo qual acusou Bolsonaro de tê-lo coagido a participar de um golpe de Estado.

Após conversar com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Carlos Bolsonaro (PL-SP), Marcos do Val mudou a versão e disse que o ex-presidente apenas ouviu o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) propor que ele gravasse ilegalmente uma conversa com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para ser usada num plano de golpe de Estado.

Os filhos parlamentares e o próprio Bolsonaro sustentam a nova versão do senador do Podemos.

O objetivo era forçar uma conversa com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre se ele não estaria ultrapassando as quatro linhas da Constituição.

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Sem se importar com o que Moraes iria dizer, a gravação seria usada por uma rede de fake news para propagar que o ministro estava agindo inconstitucionalmente.

Com isso, a mensagem seria usada para conflagrar ainda mais os acampamentos golpistas, Moraes seria preso, a eleição de Lula anulada e o golpe consumado.

“O ‘Caso do Val’ é simples e se resolve com um psicólogo e com polícia, nada mais que isso! Vamos cuidar de reconstruir o Brasil que é o que interessa”, disse Randolfe.

Nesta quinta-feira (2), a Polícia Federal (PF) vai ouvir o senador que, no mínimo, colocou Bolsonaro na cena do crime. A pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o STF já investiga o ex-presidente como autor intelectual dos atos golpistas de 8/1.

Mesmo com o recuou do senador, a avaliação é que a situação de Bolsonaro se agravou com os novos fatos. Isso porque não importa se ouviu calado o plano de golpe. O ex-presidente teria prevaricado por não agir diante do ato golpista.

“A Polícia Federal irá ouvir o depoimento do senador Marcos do Val, que afirmou ter sido coagido a participar de um golpe de Estado. Tudo precisa ser esclarecido! E os autores dessa conspiração criminosa devem ser responsabilizados”, afirmou o líder do governo.

Declaração

Na versão que ainda incluía Bolsonaro como mentor do plano, o senador deu a seguinte declaração à GloboNews: “Eles me disseram: ‘Nós colocaríamos uma escuta em você e teria uma equipe para dar suporte. E você vai ter uma audiência com Alexandre de Moraes, e você conduz a conversa pra dizer que ele está ultrapassando as linhas da Constituição. E a gente impede o Lula de assumir, e Alexandre será preso’”.

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