BNDES voltará a investir mais na indústria do que em agropecuária

Nos últimos anos, setor agropecuário, uma das principais bases de Jair Bolsonaro, recebeu mais investimentos do que a indústria, invertendo lógica que vinha desde FHC

Foto: Agência Brasil

Com as atenções voltadas para a retomada do desenvolvimento nacional, o governo federal deverá estabelecer outras prioridades para o BNDES de maneira que o banco seja capaz de ajudar a impulsionar a economia para além do setor agropecuário. Se nos últimos cinco anos, a instituição destinou mais recursos para esta área do que para a indústria, sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a tendência é corrigir essa assimetria. 

Segundo dados da própria instituição, divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo, em 2022, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinou 22% (R$ 21,5 bilhões), de um total de R$ 97,5 bilhões, para a agropecuária. A indústria ficou com R$ 19,6% (R$ 19,1 bilhões). A maior parte do valor, 43,3%, foi para a área de infraestrutura; comércio e serviços ficaram com R$ 15,1%. 

Os governos de Michel Temer (MDB) e sobretudo de Jair Bolsonaro (PL) — que sempre teve no agronegócio uma de suas principais bases de apoio — inverteram a lógica, que vinha desde pelo menos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de direcionar mais recursos do banco para o setor da indústria, na comparação com o agro.

A crise dos últimos anos e a necessidade de aumentar o desenvolvimento, a geração de emprego, renda e riquezas para o país e de colocá-lo em outro patamar de competitividade no cenário internacional têm feito o governo Lula reforçar a defesa da reindustrialização. 

Leia também: Mercadante quer BNDES promotor do desenvolvimento

“É uma ingenuidade imaginar que vamos poder nos reindustrializar e disputar esses setores de ponta e inovação sem a participação do Estado e sem o banco público como o BNDES”, declarou o presidente da instituição, Aloizio Mercadante, no dia 20.

Outra recente sinalização nesse sentido foi feita no dia 14 de março:  “Vamos ficar assistindo ao desmonte da indústria? Ou vamos ter um banco capaz de reagir, financiar e induzir a industrialização, como fizemos com a agricultura?”, questionou Mercadante. 

Ele lembrou ainda que o banco já distribui 19% do crédito do Plano Safra, máquinas e equipamentos para o setor da agropecuária. “Queremos continuar fazendo isso. Mas não podemos assistir a dados como esses da indústria e achar que é assim”, explicou.

Na mesma ocasião, Mercadante defendeu dobrar o nível de financiamento do banco até 2026, passando o percentual de desembolsos de 1% para 2% do PIB. 

(PL)

Autor