Os bilhões para a Ucrânia e o exemplo do Vietnã do Sul

Mais: Alberto Fernández anuncia que não será candidato / Revolução Cidadã propõe “morte cruzada” / Ministro sionista difunde lema análogo ao nazismo, entre outras notas.

Olena Zelensky, esposa do presidente da Ucrânia, usa o conflito como cenário para um ensaio de moda na Vogue

A chuva de dinheiro e armas para a Ucrânia será capaz de mudar o rumo do conflito, até agora favorável aos russos? Ou boa parte do dinheiro é desviado pelo corrupto regime de Kiev? Está não é uma dúvida lançada pela “propaganda russa”. Em 2016, portanto, 6 anos antes do início da Operação Especial Militar, a Ucrânia foi apontada, pelo Tribunal de Contas da União Europeia, como o país “mais corrupto da Europa”. No último mês de janeiro foi a vez do bilionário americano Bill Gates dizer que a Ucrânia era o país mais corrupto, não da Europa, mas do mundo, e acrescentou: “O governo ucraniano é um dos piores do mundo. É corrupto e controlado por poucos ricos. Quer dizer, é muito triste para o povo“. Certamente Bill Gates fez esta declaração movido por alguma experiência concreta das empresas que controla. De fato, são muitos os rumores e histórias que correm na Europa sobre as milionárias propriedades que Vladimir Zelensky e seu entorno acumulam no continente. Assim como na Ucrânia, EUA e aliados despejaram bilhões de dólares no Vietnã do Sul, na segunda metade do século passado.

Os bilhões para a Ucrânia e o exemplo do Vietnã do Sul II

Em recente viagem ao Vietnã, ganhei o livro, edição em espanhol, “Crónicas de La Guerra – 1-2-3-4.75”, de Tran Mai Hanh. O autor era correspondente da Agência Vietnamita de Notícias e acompanhou a Campanha Ho Chi Min, deflagrada em dezembro de 1974, até a queda de Saigon, então capital do Vietnã do Sul, no dia 30 de abril de 1975. Com base nos documentos oficiais abandonados pelo governo e pelo exército em fuga, Tran Mai reconstitui os últimos meses do governo títere, principalmente os últimos quatro. O livro revela um governo e exército tomados pela corrupção. Os EUA tinham se retirado do Vietnã em 1973 e, perante uma derrota iminente, estavam fechando a torneira que jorrava dólares para uma batalha perdida. Diante disso, o governo do Vietnã do Sul decidiu tomar providências inéditas. Chega a ser cômico ler, entre os documentos apreendidos, um, de dezembro de 1974, que orientava proibir a prática do “soldado fantasma” ou “soldado ornamental”, pela qual famílias ricas subornavam generais para que seus filhos não fossem expostos ao perigo de uma batalha. A mesma ordem passou a proibir “o suborno para obter promoção no Exército”.

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Mas ordens como essa eram ignoradas mesmo nesta fase final e desesperada da batalha. Boa parte dos ministros e generais sul-vietnamitas era conhecida pela corrupção e o principal corrupto era justamente Nguyen Van Thieu, presidente do Vietnã do Sul durante quase todo o período da luta, tendo renunciado apenas nove dias antes da queda de Saigon. Desde fevereiro de 1975, Thieu acelerou os preparativos para a fuga, onde sua mulher, Mai Anh, desempenhou papel crucial. Ela viajava com frequência para Taiwan para onde transferia propriedades do casal. Nos voos que fazia a cabine do avião ficava lotada de valores. Mai Anh levou até acervos preciosos do Museu de Antiguidades de Saigon. Thieu havia espalhado dinheiro e propriedades por toda a parte (possuía uma Villa na Suíça, por exemplo) mas preferia Taiwan onde era amigo íntimo de Chiang Ching-kuo, filho de Chiang Kai-shek, histórico inimigo do PC da China e primeiro-ministro de Taiwan.  Neste trecho, o livro fala dos preparativos finais da família Thieu: “Mai Anh estava empacotando freneticamente suas peças de ouro e diamante. Conhecida por seus gostos luxuosos e sua paixão por diamantes, ela costumava usar uma peça grande e frequentemente viajava para o exterior para depositar dinheiro secretamente em vários bancos e distribuir joias valiosas em grandes coleções. Sua coleção de diamantes era considerada uma das maiores da Ásia. Agora, sem vontade de contemplar as joias, colocou-as todas numa mala. Roupas, pertences e valores ocupavam outras 15 malas”.

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Os opositores de Nguyen Van Thieu que ousavam levantar denúncias contra ele eram presos e acusados de cumplicidade com o inimigo, exatamente a mesma prática do atual presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky. Thieu, assim como Zelensky hoje, era apresentado pela mídia ocidental como um “herói da liberdade”. Seus discursos políticos eram marcados pela defesa da “democracia” e a denúncia veemente da corrupção e dos corruptos. Morreu em Boston (EUA), onde viveu como um nababo até os 78 anos de idade. Vocês acham que os EUA e aliados estão gastando muito com a Ucrânia? No livro de Tran Mai Hanh é revelado um documento que estima os gastos dos EUA na guerra do Vietnã em 150 bilhões de dólares em valores da época. Não me arrisco a calcular esta quantia corrigida depois de quase 50 anos. O fato é que nada adiantou para impedir a queda de um governo reacionário e corrupto. Quem sabe, no futuro, um ucraniano antifascista ou um historiador russo não revelem os bastidores do governo do novo “herói da liberdade” ocidental?

Argentina: Alberto Fernández anuncia que não será candidato à reeleição

A jornalista Marcia Carmo, do site Brasil 247, revela em matéria publicada nesta sexta-feira (21), que o atual presidente argentino, Alberto Fernández, não concorrerá a reeleição, “Fernández disse que chegou a hora de uma nova etapa política dentro do peronismo e que apoiará o candidato que for escolhido nas primárias“, conta Marcia Carmo. Alberto Fernández afirmou ainda que apoiará a eleição do candidato que seja escolhido a partir das primárias que serão realizadas no dia 13 de agosto deste ano, antes do primeiro turno da eleição presidencial, no dia 22 de outubro. “Que a direita, com seu pesadelo e escuridão, não volte a governar o país”, declarou.

Equador: Lasso ameaça dissolver o Parlamento e Revolução Cidadã propõe “morte cruzada”

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, afirmou em entrevista ao jornal britânico Financial Times, publicada nesta terça-feira (18), que pode dissolver o legislativo caso avance o seu processo de impeachment por corrupção. Por outro lado, o movimento de oposição Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente equatoriano Rafael Correa, defendeu, nesta quarta-feira (19), a “morte cruzada“. A “morte cruzada” é uma ferramenta constitucional equatoriana que autoriza o presidente a dissolver o Parlamento sendo que, ao utilizar este dispositivo, o próprio executivo encerra o seu mandato com a convocação de novas eleições para todos os cargos. Segundo a Revolução Cidadã, a “morte cruzada” seria uma “saída democrática” e a melhor solução para a crise política.

Ministro sionista difunde lema análogo ao nazismo no dia do holocausto

O Dia da Lembrança do Holocausto, que homenageia as vítimas da bestialidade nazista, foi comemorado em Israel, em 2023, na última terça-feira (18). Nesta data, o Ministro da Educação, Yoav Kisch, gerou intensa reação ao postar um tweet que dizia: “Uma nação! Uma bandeira! Um país! Vamos lembrar e não esquecer”, slogan muito semelhante ao lema nazista “Ein Volk, Ein Reich, Ein Führer”, que traduzido significa: “Um povo, uma nação, um líder” (veja acima, cartaz de propaganda nazista). “Será que o Ministro da Educação conhece a fonte da citação?”, perguntou o líder do Partido Comunista de Israel e deputado Ofer Cassif. O Prof. Hagai Levine, ex-presidente da Associação Israelense de Médicos de Saúde Pública, disse que era “muito triste ler um tweet assim em um dia desses de um ministro da educação sem instrução”. Muitos estudiosos da questão palestina afirmam que o sionismo é uma forma de fascismo, o que parece ser confirmado a cada dia que passa, tanto por atos quanto por palavras.

Ministro Turco afirma que Europa é peão dos EUA e “não existe mais”

O Ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, afirmou que as políticas dos países europeus os transformaram em um “peão” dos Estados Unidos no espaço geopolítico. Soylu observou que os esforços do Ocidente para impor sua cultura e valores ao mundo estão fadados ao fracasso porque sua hegemonia não existe mais, acrescentando que Washington está perdendo credibilidade global e “o mundo inteiro odeia os Estados Unidos”, conforme relatado pela agência de notícias turca Anadolu nesta quarta-feira. Segundo o ministro, a Europa não deve ser superestimada, pois a região faz de tudo para beneficiar os EUA, de modo que “não existe mais Europa” como entidade autônoma, sendo que ela se tornou um simples “peão” de Washington. A Turquia, que tem eleições convocadas para 14 de maio, faz parte da Otan.

A pauta de discussões do FMI e do Banco Mundial

Na semana passada, a reunião anual de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM) ocorreu em Washington, Estados Unidos. Reuniu autoridades dos bancos centrais e das secretarias de economia e finanças dos 190 países membros do FMI, além de participantes da academia, intelectuais e instituições do setor privado. Embora o foco seja mais conjuntural, questões de natureza estrutural também são abordadas. A agenda conjuntural concentrou-se em três temas: (1) Baixo crescimento global; (2) alta da inflação, especialmente do componente subjacente (que geralmente exclui alimentos e energia, que em regra são os grupos cujos preços apresentam maior volatilidade), onde se percebe que ela está demorando mais do que o esperado para cair (um fenômeno também conhecido como “pegajoso”); e (3) estresse no sistema financeiro, especialmente devido às altas taxas de juros em todo o mundo e ao recente colapso de alguns bancos regionais nos EUA e à situação do Credit Suisse. Em relação às questões estruturais, destacaram-se: (1) mudanças climáticas e “políticas ESG” (políticas Ambiental, Social e de Governança, ou ESG na sigla em inglês), que a cada dia ocupam mais espaço nas agendas dos fóruns globais; (2) inteligência artificial, com especial ênfase na regulação, em particular, foram abordadas as duas formas pelas quais se pensou em regular a IA: (a) Horizontal; e (b) vertical. A “horizontal” foca-se mais em regular a utilização de algoritmos de IA, enquanto a “vertical” procura regular o algoritmo per se, desde o simples registo do algoritmo junto de uma entidade reguladora, até o próprio código. As discussões concluíram que era melhor implementar uma regulamentação mista, aproveitando o ‘horizontal’ com o ‘vertical’; e (3) Digitalização, criptomoedas e suas possíveis consequências. Neste último ponto, a discussão foi enviesada para a volatilidade dos depósitos bancários, em particular o que aconteceu com o Silicon Valley Bank (SVB). Informações do Boletim Panorama Mundial.

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