Ao eleger Santiago Peña, Paraguai mantém hegemonia conservadora

Candidato apoiado por Lugo é derrotado com diferença de 15 pontos. Extrema-direita também cresce eleitoralmente.

Santiago Peña mantém hegemonia do Partido Colorado no Paraguai. Twitter/Santiago Peña

O Paraguai elegeu Santiago Peña como Presidente da República e Pedro Alliana como Vice-Presidente, para os próximos cinco anos, a partir de agosto. Com isso, reafirma a hegemonia do Partido Colorado, há mais de sete décadas no poder. Ao contrário da tendência internacional, o partido venceu, mesmo tendo atravessado o desgaste da pandemia.

Com mais de 99% das urnas apuradas, Peña obtém 42,8% dos votos [1,2 milhão de votos totais] e uma vantagem de quase 16 pontos percentuais sobre o segundo colocado, o progressista Efraín Alegre, do Partido Liberal, que tem 27,5%, que teve o apoio do ex-presidente de esquerda Fernando Lugo. Diferentemente do que ocorre no Brasil, não há segundo turno no Paraguai.

O terceiro colocado neste ano foi o ultranacionalista Payo Cubas, do partido Cruzada Nacional. Ele obteve cerca de 22,9% dos votos, quase 700 mil votos totais, alcançando o melhor resultado da extrema direita na história do Paraguai. Outro representante da extrema direita, o ex-goleiro José Luis Chilavert, teve menos expressão eleitoral.

Com 44 anos, o novo presidente do Paraguai tinha 37 anos e já era ministro da Fazenda, o mais jovem da história do país no governo de Horacio Cartes. Com isso, o tecnocrata dá continuidade ao governo atual tentando imprimir uma cara mais moderna à política conservadora local. Seu partido esteve no poder inclusive durante as ditaduras mais ferrenhas.

A perpetuação do partido no poder é mantida com clientelismo e corrupção aberta na cooptação dos demais partidos. Houve apenas uma breve interrupção entre 2008 e 2012, quando Fernando Lugo, político de esquerda ocupou a Presidência do país vizinho, vítima de um golpe parlamentar ao sofrer um processo de impeachment.

O pleito teve 63% de participação eleitoral durante a jornada de domingo. Além de conceder uma diferença irreversível na disputa presidencial, os eleitores colorados aprovaram a maioria no Senado, na Câmara dos Deputados e entre os governadores.

A Associação Nacional Republicana (ANR) terá maioria no Senado, com pelo menos 23 das 45 cadeiras; na Câmara de Deputados, com 47 das 80 cadeiras; bem como nas províncias, onde 15 dos 17 departamentos foram tingidos de vermelho.

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