Presidente do BC tem compromisso com “taxa de juros alta”, diz Lula

“Me desculpem, o Banco Central tem autonomia, mas não é intocável”, afirmou Lula.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a política monetária do Banco Central (BC), que impõe ao País mais alta taxa de juros reais do mundo. Segundo Lula, o presidente do banco, Roberto Campos Neto, “não tem compromisso com o Brasil” –, mas, sim, com o governo Jair Bolsonaro, “que o indicou”.

O chefe de Estado brasileiro falou neste sábado (6) com jornalistas na Inglaterra, pouco depois de participar da coroação do rei Charles 3º. Lula chegou a comparar Campos Neto com o economista Henrique Meirelles, que presidiu o BC nos dois primeiros mandatos do petista na Presidência. “Duvido que esse cidadão (Campos Neto) tenha mais autonomia que o Meirelles teve. Só que o Meirelles tinha responsabilidade de ter um governo discutindo com ele, olhando as preocupações – e esse cidadão não tem”, disparou o presidente.

“Se ele não tem nenhum compromisso comigo, tem compromisso com quem? Com o Brasil? Não tem”, agregou Lula. “Tem compromisso com o outro governo, que o indicou. E tem compromisso com aqueles que gostam de juro alto, porque não há outra explicação.”

O presidente afirmou que faz distinção entre a instituição e seu diretor máximo – o banco Central e Campos. Lula disse que “não bate” no BC, mas na estratégia de combate à inflação, baseada em juros altos. Na quarta (3), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a Selic, taxa básica de juros, em 13,75%.

Lula reiterou que, como presidente eleito democraticamente, tem o direito de cobrar o Banco Central. “Se eu, como presidente, não puder reclamar dos equívocos do presidente do Banco Central, quem vai reclamar? O presidente americano?”, ironizou Lula. “Me desculpem, o Banco Central tem autonomia, mas não é intocável.”

De acordo com Lula, o clamor contra os juros não parte apenas do Planalto. “A sociedade brasileira, os varejistas brasileiros, os empresários brasileiros, os trabalhadores brasileiros não suportam mais a taxa de juro”, enumerou. “Se a gente quiser gerar emprego no País, nós vamos ter que ter crédito para o trabalhador, consignado para o pequeno e médio empreendedor individual, crédito para as grandes empresas. Senão o país não cresce”, disse.

“A economia vai crescer porque nós estamos colocando dinheiro na veia do trabalhador, estamos retomando todas as políticas públicas que deram resultado. E se o dinheiro não estiver rodando no bolso do trabalhador, não tem emprego, não tem melhoria da qualidade de vida nem no Brasil, nem lugar nenhum do mundo”, concluiu Lula.

Autor