PIB cresce e inflação cai, mas juros ficam iguais

Boletim Focus, do BC, revela otimismo do mercado financeiro com a economia. PIB sobe para 2,18% e inflação cai para 5,06%, no entanto a projeção para os juros segue a mesma

Imagem: Agência Brasil / Site do PT

A inexplicável manutenção da taxa de juros (Selic) em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Econômica (Copom), do Banco Central (BC), fica ainda mais sem explicação com o otimismo revelado no boletim Focus, divulgado nesta semana.

O boletim, uma publicação do BC que mostra as expectativas do mercado financeiro, aponta para uma melhora na perspectiva para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2023, assim como indica uma redução na projeção da inflação. No entanto, a perspectiva sobre os juros ao final do ano permaneceu inalterada.

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Ou seja, tudo pode melhorar e mostrar um potencial econômico ainda superior, mas o BC segue irredutível quanto aos juros que tanto tem lesado a economia nacional, para descontentamento de empresários e trabalhadores.

Até mesmo a ata do Copom divulgada nesta terça-feira (27) revela que os juros já poderiam ter baixado ao indicar que membros do comitê estão divididos entre aqueles que já pretendem reduzir a Selic em agosto e aqueles que seguem com “cautela”.

PIB

O boletim Focus aumentou de 2,14% para 2,18% a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) nacional. A previsão de quatro semanas atrás era de 1,26%.

Para 2024, a projeção para o PIB é de 1,22%. No entanto, caso as estimativas continuem melhorando para 2023, no próximo ano a perspectiva de alta deve continuar.

Inflação

A inflação também é alvo de otimismo. Medido pelo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação corrigida pelo Focus foi de 5,71% há quatro semanas para 5,06%.

É bom salientar que o centro da meta para 2023 é 3,25%, com limites inferior e superior que variam entre 1,75% e 4,75%.

Estar dentro dessa margem é o que o Banco Central tem como uma das justificativas para seguir com o alto patamar na taxa de juros. Porém, as consequências disso colocam em risco toda a economia nacional.

Como bem disse a empresária Luiza Trajano, da Magazine Luiza, se os juros permanecerem altos até o final do ano: “Vai ter muita gente quebrada até lá!

O que apontam diversos economistas sobre a justificativa dos juros para controle da inflação – pela qual o presidente do BC, Roberto Campos Neto, não cumpriu a meta em 2021 e 2022 -, é que o diagnóstico feito é incorreto.

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Portanto, a atuação do Banco Central é ineficaz, uma vez que a inflação não está ligada a pressões de demanda, principal foco sobre o qual o BC consegue atuar para controle inflacionário. As pressões de demanda acontecem quando os preços sobem e gera inflação pela economia em crescimento.

O que na verdade tem ocorrido, segundo economistas, são uma série de pressões sobre os custos que são fatores ligados a oferta de bens. Estes custos são pressionados nacional e internacionalmente e a manutenção da Selic tem pouco efeito prático quando a inflação corresponde majoritariamente a este aspecto.

Com isso, a manutenção dos juros altos pelo Copom tem servido para tudo, menos para controle da inflação.

Juros e câmbio

Sobre a previsão para os juros (Selic), houve a manutenção que prevê em 12,25% da taxa para o final de 2023 e de 9,5% em 2024.

Então, no entendimento do mercado, só há espaço para uma redução em 1,5% nos juros este ano – o que, com toda a certeza, está aquém das expectativas da sociedade, que luta por uma redução mais significativa.

Sobre a cotação do dólar a previsão é de que encerre o ano em R$ 5. Nesta terça (27/6), o valor do dólar esteve em R$4,80.

Confira aqui as projeções no Relatório de Mercado Focus.