Comissão repudia racismo contra Vini Jr
Deputados aprovam nota em que afirmam que não pode haver impunidade no caso. Vinicius Jr. foi alvo de ataques racistas pela décima vez na Espanha
Publicado 23/05/2023 17:04 | Editado 24/05/2023 07:46
A Subcomissão Especial da Modernização do Futebol aprovou nesta terça-feira (23), uma nota de repúdio aos ataques racistas sofridos pelo jogador brasileiro Vinícius Jr na Espanha. No último domingo (21), durante partida entre Real Madrid e Valencia, o jogador voltou a ser ofendido pelos torcedores.
Para os parlamentares da subcomissão, o ataque não é caso isolado e deve ser duramente combatido. No documento, os deputados afirmam que o futebol, dentro e fora de campo, deve ser tratado com seriedade e respeito aos jogadores e torcedores. “Um dos maiores patrimônios culturais do Brasil não pode ser ambiente hostil, onde imperam o racismo, a intolerância e a impunidade”, pontuam os parlamentares na nota.
O presidente da Subcomissão, deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), afirmou que ataques racistas no futebol têm sido frequentes e que é preciso combate-los com urgência.
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“É necessário intensificarmos o combate ao racismo. Não basta não ser racista, é necessário ser antirracista. Esse episódio da Espanha choca o mundo pela falta de atitude, de enfrentamento. Nós somos um país muito forte no esporte, especialmente, no futebol. Somos o país que mais venceu Copas do Mundo. Somos o país de Zé Maria, de Brito, Everaldo, Jairzinho, Pelé, Edu, Paulo Cézar, somos o Brasil de Vinícius Jr. Abaixo ao racismo”, afirmou.
Renildo Calheiros lembrou ainda que a Lei Geral do Esporte (PL 1825/2022), aprovada no Senado no dia 9 de maio, prevê a criação da Autoridade Nacional para Prevenção e Combate à Violência e à Discriminação no Esporte (Anesporte), com o objetivo de formular e executar políticas públicas contra a violência, racismo, xenofobia, homofobia e intolerância em todos os esportes.
O caso e a reação do governo brasileiro
Vini Jr foi alvo de insultos racistas na derrota do Real Madrid por 1 a 0 para o Valencia, pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol. Era possível ouvir gritos de “mono” (macaco, em espanhol) no estádio.
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O caso de racismo envolvendo o jogador brasileiro provocou reação inédita do governo do Brasil em relação a um atleta que joga fora do país. Já no domingo à noite (21), o presidente Lula se manifestou sobre o caso. Ele começou o pronunciamento sobre a viagem ao Japão manifestando apoio ao jogador e cobrando providências contra o racismo no futebol. Lula pediu ações da Fifa e da Liga Espanhola para que cessem o preconceito.
“Penso que é importante que a Fifa, a Liga Espanhola e as ligas de outros países tomem sérias providências, porque não podemos permitir que o fascismo e o racismo tomem conta dentro do estádio de futebol”, declarou o presidente.
Diversos ministros também se pronunciaram sobre o caso. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que o caso é “deplorável, inaceitável e deve ter consequências”, uma vez que o Ministério da Justiça pode recorrer ao dispositivo da “extraterritorialidade”, previsto no Código Penal, para aplicar a lei brasileira em casos de crimes cometidos contra brasileiros no exterior.
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Já a ministra Anielle Franco, do Ministério da Igualdade Racial, afirmou que o governo brasileiro acionou o Ministério Público da Espanha contra a Primeira Divisão da Liga de Futebol Profissional, conhecida como La Liga.
Em nota conjunta, pelo menos cinco ministérios pedem providências por parte do governo espanhol, de entidades esportivas daquele país e da própria Fifa.
“Tendo em conta a gravidade dos fatos e a ocorrência de mais um inadmissível episódio, em jogo realizado ontem, naquele país, o governo brasileiro lamenta profundamente que, até o momento, não tenham sido tomadas providências efetivas para prevenir e evitar a repetição desses atos de racismo. Insta as autoridades governamentais e esportivas da Espanha a tomarem as providências necessárias, a fim de punir os perpetradores e evitar a recorrência desses atos. Apela, igualmente, à Fifa, à Federação Espanhola e à Liga a aplicar as medidas cabíveis”, diz a nota.
A ministra dos Esportes, Ana Moser, se disse “indignada e revoltada” com o caso. “Vamos trabalhar com o governo espanhol para que crimes de racismo sejam severamente punidos”, afirmou.
O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, também se manifestou e ressaltou que “a La Liga, as entidades europeias de futebol, a Fifa, os clubes, as empresas patrocinadoras, parte da imprensa e os governos estão sendo coniventes e se servindo do racismo. Devem, por isso, ser chamados à responsabilidade, juntamente com os agressores diretos”.
O Ministério das Relações Exteriores também vai chamar a embaixadora da Espanha no Brasil, Mar Fernández-Palacios, para cobrar uma posição ante os atos criminosos contra o atleta.