USP e Ibram lançam ferramenta para identificar origens do ouro brasileiro

Sistema virtual está em fase de testes e deve ficar disponível em até 3 meses

Terra Indígena Yanomami | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) anunciaram, na última quinta-feira (18), o lançamento de uma ferramenta para rastrear a origem do ouro comercializado no Brasil. Segundo as entidades, a plataforma vai auxiliar os compradores a encontrar a origem do mineral, podendo diferenciar ouro legal do ilegal.

A Plataforma de Compra Responsável de Ouro (PCRO), atualmente em fase de testes, deverá estar totalmente operacional em aproximadamente três meses – e nos idiomas português e inglês.

O ouro é o segundo minério mais exportado do país, porém, pouco se sabe sobre a origem e parte do que é extraído. Segundo o Ibram, o Brasil produz em média 104 toneladas de ouro por ano. A estimativa é de que metade tem origem em garimpo ilegal.

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 “O sistema permite diferenciar o ouro legal do ilegal, ouro de sangue, que destrói a natureza, devasta povos indígenas, explora crianças indígenas e a própria natureza. Permite a qualquer comprador saber se o ouro é legal ou ilegal”, disse Raul Jugmann, CEO do Ibram, em entrevista ao Jornal Nacional.

“Estamos a retirar este ouro ilegal do mercado, sufocando assim esta atividade que é totalmente criminosa e, na maioria das vezes, associada ao crime organizado”, acrescentou.

O sistema foi desenvolvido ao longo de um ano pelo Núcleo de Pesquisas em Mineração Responsável (NAP.Mineração) da USP, com financiamento do WWF e apoio do Instituto Igarapé. A versão inicial da plataforma foi testada por diversos usuários públicos e privados, como Ministério Público Federal, bancos e joalherias.

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“Este acordo de cooperação entre a USP e o Ibram tem um papel civilizatório. Ele nos permitirá enfrentar e eliminar um conjunto de garimpos ilegais, viabilizando uma mineração inclusiva que preserve a biodiversidade do Brasil e os direitos inalienáveis ​​dos povos indígenas”, disse Maria Arminda do Nascimento Arruda, Vice-Reitor da USP.

Ilegalidade

Segundo o Instituto Escolhas, de 2015 a 2020, cerca de 50% do ouro comercializado no Brasil – o equivalente a 229 toneladas – veio de garimpos artesanais ilegais. O instituto afirma que essa atividade criminosa aumentou em cinco vezes sua presença em terras indígenas de 2010 a 2020 e em três vezes em áreas de preservação ambiental.

“Nossa expectativa é que órgãos de controle como Ministério Público Federal, Banco Central, Agência Nacional de Mineração, Receita Federal e demais entidades que fiscalizam a cadeia produtiva do ouro exijam que os produtores minerais passem por essa plataforma”, concluiu Jugmann.

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com informações da Agência Brasil e o Globo

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