Juíza determina cassação do mandato do deputado federal Marcelo Crivella

Ex-prefeito é acusado de operar esquema que impedia denúncias da imprensa em hospitais públicos da prefeitura do Rio. Com a decisão, Crivella fica inelegível por oito anos.

Foto: Reprodução

A Justiça Eleitoral determinou a cassação do mandato do deputado federal Marcello Crivella (Republicanos-RJ) e multa de R$433 mil. A decisão, da juíza Márcia Santos Capanema de Souza, da 23ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, é resultado de uma ação ajuizada pela coligação “É a vez do povo!” (PT e PCdoB).

Crivella e Marcos Paulo de Oliveira Luciano, à época assessor especial no gabinete do ex-prefeito, foram condenados por abuso de poder político e conduta vedada.

Em 2020, o então prefeito do Rio de Janeiro mobilizou funcionários públicos para fazerem plantões na porta de hospitais municipais para atrapalhar reportagens da imprensa e impedir denúncias de problemas na Saúde.

Pela decisão, Crivella fica inelegível pelos oito anos subsequentes à eleição municipal de 2020 (portanto, até 2028). O parlamentar é acusado de “prática de abuso de poder de autoridade e conduta vedada a agente público em campanhas eleitorais, com base na Constituição”.

A juíza entendeu que o equilíbrio da disputada eleitoral foi prejudicado, uma vez que assessores da prefeitura foram utilizados para beneficiar diretamente a campanha de Crivella.

“A nomeação e emprego de servidores públicos na porta de hospitais para interromper reportagens críticas à gestão da saúde no município do Rio de Janeiro durante a pandemia com a finalidade eleitoreira é conduta que teve aptidão suficiente para afetar a igualdade de oportunidades entre os candidatos no pleito de 2020”, diz um trecho da sentença da juíza.

Segundo a coligação, Crivella montou um esquema para “monitorar e impedir a interlocução de cidadãos com profissionais de imprensa”.

Para O Globo, a assessoria de Marcelo Crivella afirma que o deputado entrou com recurso para recorrer da decisão da 23ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro. Ao G1, a defesa do ex-prefeito disse que a sentença que cassou o mandato do ex-prefeito não tem efeito imediato.

A assessoria do ex-prefeito disse que “não cabe a uma juíza eleitoral de primeira instância cassar o mandato de um deputado federal”.

Guardiões do Crivella

Em 2020, a cúpula do governo municipal do Rio de Janeiro articulou um esquema para impedir denúncias de jornalistas na Saúde. Crivella e seu assessor especial, Marcos Luciano, participavam de grupos de WhatsApp que organizavam os funcionários da prefeitura para fazerem uma espécie de plantão na frente de hospitais do município.

Em uma das ações, o repórter Ben-Hun Corrêa foi hostilizado por funcionários da prefeitura enquanto falava da falta de equipamentos de raio-x, em frente ao hospital Rocha Faria, em Campo Grande. Minutos depois, o funcionário foi gravado colocando o crachá no pescoço e adentrando a unidade.

Em outra reportagem, no hospital Salgado Filho, José Robério Vicente Adeliano interrompe entrevista de um paciente que tinha perdido o dedo.

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