Indicadores econômicos avançam e geram otimismo no mercado

Analistas mostram maior confiança no país após série de dados positivos, entre os quais o crescimento do PIB acima do previsto e queda na inflação e no desemprego

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dados recentes da economia brasileira estão levando a um clima de maior otimismo no mercado e entre especialistas da área, que projetam um cenário positivo para o país no próximo período. Nesse ambiente cabe, inclusive, esperar que finalmente venha a tão necessária queda na taxa de juros, entrave ao crescimento do Brasil que o Banco Central teima em manter em patamar estratosférico.

A visão confiante no país abre as portas para um novo momento convergente com a reconstrução nacional, tão urgente após a destruição causada pelo governo Bolsonaro e a pandemia. Indicadores divulgados há poucos dias refletem essa nova fase. 

O crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e anunciado no dia 1º, é um desses indicadores. O resultado ficou acima do esperado: a previsão era de um aumento de 1,3% sobre o quarto trimestre de 2022 e de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas nessa comparação o país chegou a 4%.

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“Estamos há algum tempo dizendo que o PIB deste ano vai bater 2%. Estão se comprovando as projeções da Secretaria de Política Econômica (da Fazenda). Nós devemos ter cautela também, porque o agro veio muito forte e precisamos começar a pensar e ter cuidado com 2024, para manter a economia gerando emprego”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na sexta-feira (2). Em sua fala, ele fez alusão aos 21% de crescimento do setor agropecuário. 

Com esse resultado do PIB, o Brasil ficou em terceiro lugar — atrás apenas da Polônia e da China — numa lista relativa ao crescimento médio da economia de 34 países no primeiro trimestre de 2023, de acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O crescimento médio dessas economias ficou em 0,4%, bem abaixo do brasileiro. 

Vale destacar ainda que a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, caiu de 5,80% para 5,71% este ano. Além disso, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou queda nos preços de 1,84% em maio. 

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Outro ponto importante é a taxa de desemprego que, entre fevereiro e abril, foi de 8,5%, a menor desde 2015, além de ter havido saldo de 180 mil vagas formais no mercado de trabalho em abril. Também é importante listar a aprovação do novo marco fiscal na Câmara, que acaba levando maior confiança ao governo e à economia. 

Análises positivas

O economista e pesquisador da Unicamp, Márcio Pochmann registrou que o “6º mês do 3° governo Lula começa com boas notícias ao povo brasileiro, pois combina resultados positivos obtidos no protagonismo tanto das relações externas e no crescimento econômico e decrescimento no desemprego e inflação como na aprovação de medidas importantes no parlamento”. 

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, argumentou que o resultado do PIB “quebra o argumento de que o crescimento impacta demais a inflação e tem de ter taxa de juros alta. Crescemos acima da expectativa com decréscimo de expectativa de inflação”. 

É neste cenário que o otimismo vem ganhando espaço, mesmo entre aqueles que torcem o nariz para o governo Lula — e que não são poucos no mercado financeiro. Análises que vêm sendo feitas no setor apontam para um ambiente de economia com manutenção de um crescimento sustentável e sem pressão inflacionária, conforme apontou o jornal Valor Econômico. 

Como consequência, ao menos no curto prazo, a aposta entre participantes do mercado é de um bom desempenho dos ativos brasileiros. Não por acaso, nas sessões de quinta e sexta-feira, o câmbio se apreciou, com o dólar novamente abaixo de R$ 5; os juros de longo prazo caíram; e a bolsa subiu”, explica a publicação. 

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Ao jornal, Guilherme Foureaux, da Truxt Investimentos, defendeu que não é preciso ter juros reais tão altos como o que vem sendo imposto pelo BC. Segundo ele, “ainda existe uma preocupação fiscal, mas o arcabouço excluiu o risco de cauda. Um ciclo de ajuste do aperto monetário ainda não está totalmente precificado. Gostamos dos juros nominais e dos juros reais e temos posições menores no real e na bolsa”. 

Avaliação feita por Amer Bisat, especialista em mercados emergentes da BlackRock, a maior gestora do mundo, publicada pelo jornal Estado de Minas, foi ainda mais contundente: “Não há razão para que o Brasil não possa crescer de forma agressiva novamente”.