Laudo mostra indícios de golpe na Lava Jato para afastar Appio

Perícia mostra quea voz nas gravações da ameaça não é de Appio

O juiz Eduardo Appio, que foi afastado da Lava Jato sem base legal

As razões do afastamento do novo juiz da Lava-Jato, Eduardo Appio, estão em xeque. Laudo apresentado pela defesa contradiz a acusação de que Appio teria ameaçado o desembargador federal Marcelo Malucelli – o suposto crime que levou o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a invervir na operação.

A defesa encomendou uma perícia ao professor Pablo Arantes, da Universidade de São Carlos (SP). Conforme seu laudo, a voz nas gravações da ameaça não é de Appio. A conclusão se baseou em “análises técnicas” e na “experiência profissional” de Arantes “como doutor na área de linguística, especialista na área de fonética, pesquisador na área de fonética forense e autor de diversos artigos e outras publicações na área”.

“Afirmo que o nível 0 seria o adequado para o caso, não se podendo corroborar, nem contradizer a hipótese de mesma origem para as vozes”, afirmou o professor. Com isso, sobram indícios de que a Lava Jato cometeu um novo golpe para prejudicar investigações contrárias aos interesses do ex-juiz Sergio Moro. O afastamento ocorreu em 22 de maio.

Segundo Pedro Serrano, advogado de Appio, todo o processo está marcado por irregularidades. “Ele (Appio) foi afastado sem direito a defesa”, diz Serrano. “Tenho insistido que esse é o principal aspecto do caso. Eu já havia pedido a volta dele e o Corregedor está julgando essa questão. Vamos aguardar.”

A liminar com que a defesa pediu a suspensão do afastamento já denunciava a falta de base para a decisão do TRF-4. “Peticionário (Appio), com veemência, consigna que não realizou o diálogo telefônico que lhe é imputado através da realização de uma apressada perícia que desrespeitou a cadeia de custódia”, indica a defesa. “Os celulares através dos quais foram realizados os supostos diálogos sequer foram apreendidos ou periciados.”

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