Alvo da PF, senador Marcos do Val pode ser retirado da CPMI do Golpe

Integrante do colegiado, o deputado Rogério Correia (PT-MG) disse que vai ingressar com uma questão de ordem para afastá-lo da comissão

Marcos do Val (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Deputados e senadores da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas do 8/1, a CPMI do Golpe, avaliam que não há mais condições para que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) continue como membro do colegiado.

O senador bolsonaristas foi alvo, nesta quinta-feira (13), da Polícia Federal (PF) que realizou mandados de busca e apreensão em endereços de Brasília (DF) e Vitória (ES).

O parlamentar é acusado de obstruir as investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, quando os bolsonaritas invadiram e depredaram os prédios da Praça dos Três Poderes.

Integrante da CPMI, o deputado Rogério Correia (PT-MG) disse que vai ingressar com uma questão de ordem para afastar do Val e o deputado André Fernandes (PL-CE), ambos investigados de participarem dos atos golpistas.

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“Como ele pode estar numa CPMI que vai investigar quem são os responsáveis por isso. É como raposa tomando conta do galinheiro, ele está lá na cena da investigação, não tem cabimento”, disse Correia.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que ele nem deveria estar na CPMI. “Por falta de ética, por faltar com a verdade, por participar do apoio à tentativa de golpe, por ter me gravado na CPI da COVID sem autorização, Marcos do Val já deveria estar sendo julgado no Conselho de Ética do Senado Federal, até porque a psiquiatria não deu jeito”, disse.

“Já não podia antes, agora mesmo é que não tem a menor condição de Marcos do Val continuar na CPMI do Golpe. Tem que ser tirado de lá, já!”, reagiu a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT.

Crimes

Marcos do Val pode responder pelos crimes de divulgação de documento confidencial; associação criminosa; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; e organização criminosa.

Nesta segunda-feira (12), por exemplo, ele divulgou documento sigilosos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que pioraram sua situação.

“Vocês irão ver a prevaricação dos ministros Flávio Dino, Gonçalves Dias, Alexandre de Moraes e do presidente Lula! Agora vocês irão entender o medo que o governo do Lula estava e porque eles estavam tentando de tudo para para não ter a CPMI”, escreveu no Twitter.

A operação foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moras, que negou um pedido da PF para prisão do parlamentar, julgando não haver elementos.

Nesta sexta-feira (16), os agentes começaram a trabalhar nos computadores, celulares e documentos apreendidos no gabinete e nos endereços residenciais de Marcos do Val.

O senador é investigado por uma série de episódios controversos. Em entrevista à revista Veja, ele disse que Bolsonaro lhe coagiu a dar um golpe.

O plano, que teria saído de uma reunião com o ex-presidente e o ex-deputado federal Daniel Silveira, consistia em gravar conversar com o ministro Alexandre de Moraes, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Objetivo era obter algo que pudesse incriminar o ministro e anular as eleições.

Em depoimento à PF, o senador mudou a versão. Disse que a ideia de gravar o ministro partiu de Daniel Silveira e que Bolsonaro não se opôs ao plano. Ele não lembrava o local do encontro, ora teria sido no Palácio do Jaburu, ora no Palácio da Alvorada ou no Palácio do Planalto.

Outras versões foram apresentadas, inclusive a que ele teria usado a imprensa para mandar mensagens ao ministro do STF.

Assim, há suspeita de que o senador venha dando múltiplas versões para dificultar as investigações.

Após a busca e apreensão, ele negou que tenha dado múltiplas versões: “O que é verdade e importa aqui é que no depoimento da PF, que foi o depoimento oficial, lá está a verdade plena e absoluta. Então, não foram dadas outras versões”.

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