Mercadante diz que juros altos são obstáculo para função social do BNDES

Em evento que celebra 71 anos do banco, ele descreveu o cenário propício à redução dos juros: inflação e dólar em queda, preços desacelerando e responsabilidade fiscal do governo

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Na nesta terça-feira (20), em comemoração aos 71 anos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi realizada a série de painéis Nosso Passado, Presente e Futuro, no Rio de Janeiro.

Na oportunidade, o presidente do banco, Aloízio Mercadante, disse que a taxa básica de juros em 13,75% ao ano é um obstáculo à função social da instituição e ao crédito.

Segundo ele, o alto patamar da Selic ocasiona a retração do crédito para empresas e aumento da inadimplência para empresas e pessoas.

“O ambiente macroeconômico melhorou muito. Parabenizo aqui o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad, [a ministra do Planejamento, Simone] Tebet e o governo. Esse novo marco de responsabilidade fiscal ajudou a que a taxa de juros no mercado futuro de longo prazo cedesse, o câmbio veio para R$ 4,70 ontem, a inflação desabou e o preço dos atacados desacelerando, mas estamos com uma taxa de juros crescendo em termos reais. Enquanto a inflação está caindo, a taxa de juros continua em 13,75%. O país que tem uma das menores inflações tem a maior taxa de juros”, alertou.

Leia também: Mercadante defende queda dos juros e Luiza Trajano cobra Campos Neto

Como fez em evento na Fiesp, não criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mas pediu uma salva de palmas para a futura decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). “Não vou fazer pressão hoje. Vou fazer como fiz na Fiesp. Vamos dar uma salva de palmas para o presidente do Banco Central na expectativa do que vai vir esta semana no Copom. Ainda que não tenha grandes expectativas, vamos bater palmas para ele. Quem sabe a gente consegue sensibilizar?”, disse.

Papel de um banco público

De acordo com Mercadante, o atual momento pede que se debata o papel de um banco público no Brasil, seguindo exemplos de outros países como Estados Unidos e Alemanha, que tem bancos públicos fomentando o que há de mais avançado em tecnologia e sustentabilidade em seus países com aportes bilionários e juros zero.

Leia também: Mercadante defende incentivos fiscais para quem gera emprego

Nesse sentido, o Brasil deve aproveitar a sua matriz energética mais limpa do que dos países que compõem o G20 e liderar o processo de transição energética ao aproveitar o alto grau de conhecimento desenvolvido acerca do etanol, concluiu o chefe do BNDES.

*Informações Agência Brasil. Edição Vermelho, Murilo da Silva.

Autor