Haddad e Alckmin voltam a cobrar redução da taxa de juros

Contag também pediu a redução dos juros para ampliar o financiamento da produção de alimentos

Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), para definir a taxa básica de juros (Selic), acontece nos dias 1 e 2 de agosto. Até lá a sociedade civil, o movimento sindical e o governo manterão as cobranças pela redução dos juros, que tem acontecido ao longo do ano.

Após a divulgação do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), que indicou retração de 2% de abril para maio, o ministro da Fazenda, Fernado Haddad, atribuiu o recuo aos juros altos mantidos pelo BC.

“[Está] como esperado [o IBC-Br]. Muito tempo de juro real muito elevado. Nós estamos preocupados, estamos recebendo muito retorno de prefeitos, de governadores sobre arrecadação, a nossa mesma aqui.”

O ministro ainda mostrou preocupação ao falar do juro real (juro descontado a inflação), em torno de 10% ao ano.

“A pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte. A gente precisa ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de 10% o juro real ao ano. Está muito pesado para a economia”, afirmou.

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O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, fez coro a Haddad e cobrou a redução dos juros ao participar de evento no Palácio do Itamaraty.

“As coisas estão caminhando bem: inflação em queda, câmbio competitivo, reforma tributária aprovada na Câmara, arcabouço fiscal encaminhado. Só faltam os escandalosos juros caírem e nós vamos ter uma geração de emprego ainda mais forte”, disse.

Trabalhadores Rurais cobram redução

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) também tem se posicionado pela redução dos juros, pois o atual patamar torna a produção de alimentos mais cara e, consequentemente, menor. Além de encarecer toda a cadeira produtiva, a Selic em 13,75% ao ano segura a oferta de mais recursos em crédito para o setor.

Mesmo com todo este cenário mantido pelo BC, o governo federal reduziu os juros do Plano Safra da Agricultura Familiar de 5% para 4% ao ano para a produção de alimentos como arroz, feijão, mandioca, tomate, leite, ovos e outros.

Nesse sentido, o presidente da Contag, Aristides Santos, acredita que é possível uma redução maior do crédito oferecido pelo governo ainda nesta safra, ao observar que a taxa básica de juros deve ceder: “O Banco Central não vai resistir à pressão dos setores produtivos do Brasil”, disse à Agência Brasil.

Na mesma linha o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, observa que a produção de alimentos e a segurança alimentar no Brasil estão sendo travadas pela intransigência do BC: “Nós queremos voltar a ter uma produção de arroz, de feijão, de mandioca, alface, legumes, verduras e frutas muito maior no Brasil para botar na mesa do povo brasileiro. Por isso, o nosso pedido ao presidente do Banco Central: pare de negar a realidade e diminua os juros no Brasil! Porque se ele diminuir os juros no Brasil no mês de agosto vamos disponibilizar muito mais recursos para agricultura familiar”.

*Com informações Agência Brasil. Edição Vermelho, Murilo da Silva

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