Lula classifica como ameaça as exigências da UE para acordo com Mercosul

Durante Novo Pacto Financeiro Global, em Paris, presidente falou sobre impasse criado pela União Europeia e a criação de moedas para facilitar o comércio entre países

Lula durante Novo Pacto Financeiro Global. Foto: Ricardo Stuckert

Mantendo postura altiva em relação à União Europeia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a rechaçar os termos impostos pelo bloco para que seja fechado acordo com o Mercosul. Durante participação na cúpula Novo Pacto Financeiro Global, nesta sexta-feira (23) em Paris, Lula classificou as exigências como ameaça e cobrou que os tratados comerciais passem a ser mais justos.   O evento foi organizado pelo governo francês. 

Ao lado do presidente francês Emmanuel Macron, Lula disse: “Não é possível que tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo ameaça a um parceiro estratégico. Como é que a gente vai resolver isso?”. 

Também destacou: “Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas não é possível. A carta adicional que foi feita pela UE não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta e vamos mandar a resposta. Mas é preciso que a gente comece a discutir.” 

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Ainda no âmbito econômico, Lula falou sobre a criação de novas moedas para o comércio entre países. “E tem gente que se assusta quando eu falo que é preciso criar novas moedas para a gente fazer comércio. Eu não sei por que Brasil e Argentina têm de fazer comércio em dólar. Por que que a gente não pode fazer nas nossas moedas. Não sei por que Brasil e China não podem fazer nas nossas moedas. Por que eu tenho que comprar dólar?”. 

O presidente disse, ainda, que esta discussão está em sua pauta. “Se depender de mim, ela vai acontecer na reunião dos Brics, que será em setembro. E vai acontecer também na reunião do G-20, porque nós vamos precisar colocar mais companheiros africanos para participar do G-20. Como vocês estão fazendo no G-7”, argumentou. 

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Lula também apontou que os fóruns internacionais “não podem ser um grupo de luxo. A elite política. Não. Nós temos que chamar os desiguais, os diferentes, para que a gente possa atender a pluralidade dos problemas que o mundo tem. Todos nós, todos nós, temos como parâmetro o que aconteceu na União Europeia. Você sabe, Macron, que eu acho que a construção da União Europeia, foi um patrimônio democrático da humanidade”.

Em seu discurso, o presidente também falou sobre o combate à desigualdade, a preservação da Amazônia e compromissos globais com o combate à crise climática. Acompanhe cobertura sobre os temas no Portal Vermelho. 

Mais tarde, depois do evento, Lula almoçou com o presidente Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, residência oficial do presidente francês.

Com agências