Lula diz que juro do consignado “está lesando o povo pobre”

Durante programa ao vivo, Presidente criticou a manutenção da Selic em 13,75% e disse que conversará com Haddad para reduzir os juros da modalidade

Imagem: TV Brasil

Durante a live “Conversa com o Presidente” desta terça-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a taxa de juros do empréstimo consignado, cujo teto está em 1,97% ao mês. Lula fez um comparativo com os juros cobrados de grandes empresários e anunciou sua intenção de conversar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com os presidentes dos bancos para rever as taxas no consignado.

“Vou conversar com o Haddad, com os presidentes dos bancos, para saber como a gente está lesando o povo pobre nisso. A gente está dando como garantia a folha de pagamento e ele [trabalhador] ainda paga mais caro que o empresário pelo empréstimo. O cara vai ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], pega empréstimo a 14% ao ano. É muito caro, é um roubo, mas é metade do que paga o crédito consignado, que dá garantia. Não tem como dar cano, porque desconta na folha”, disse Lula ao jornalista Marcos Uchôa.

Em março, o governo federal definiu que o teto de juros para beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) seria de 1,97% e o limite de juros para o cartão de crédito de 2,89%.

“O que me deixa indignado é o seguinte: o crédito consignado é dado para quem tem emprego garantido, que é descontado no salário. Portanto não tem como perder, é 1,97%. E 1,97% vezes 1,97%, juros sobre juros dá quase 30% ao mês. Como o cara que ganha R$ 2 mil, que pega R$ 1 mil no crédito consignado para pagar 30% ao mês e eu estou emprestando dinheiro aos grandes a 10%. O deles [empresários] é caro, quero deixar isso claro, mas isso aqui é triplamente caro”, completou.  

Plano Safra e investimento em agricultura familiar

No decorrer do programa, Lula anunciou um plano de financiamento da agricultura e da pecuária empresarial no país, no valor de R$ 364 bilhões. Os recursos serão direcionados para apoiar a produção agropecuária nacional de médios e grandes produtores rurais até junho de 2024. No entanto, o presidente voltou a criticar a manutenção da atual taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%, e condenou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sem citar seu nome.

“Serão R$ 364 bilhões a uma média de 10% de juros ao ano. É caro. É muito caro. Esses juros poderiam ser mais baratos. Aí, tem um cidadão no Banco Central, a gente não sabe quem pôs ele lá, que traz os juros a 13,75%. Vamos emprestar R$ 364 bilhões para os agricultores do agronegócio a 10% de juros. Amanhã, vamos lançar o programa da agricultura familiar, me parece R$ 75 bilhões, a uma taxa de juros menor do que essa.”

Desigualdade e cuidado com o meio ambiente

Lula também reafirmou a importância de combater as mudanças climáticas e o desmatamento, destacando que isso deve ser acompanhado por ações contra a pobreza. Ele ressaltou a necessidade de se sentir “indignado com a desigualdade”. Durante sua recente viagem à Europa, o presidente cobrou mais investimentos de países ricos nas economias menos desenvolvidas e em ações contra as desigualdades sociais, de raça e gênero.

O presidente também mencionou que o Brasil sediará a COP30, a cúpula sobre mudanças climáticas das Nações Unidas, em 2025, no estado amazônico do Pará. Ele convidou as pessoas a visitarem a região amazônica para entenderem a importância de preservar suas riquezas naturais, mas também enfatizou a necessidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem na Amazônia. “Quero que as pessoas que gostam da Amazônia, que admiram, visitem a região para ver o que é. E tem que saber que lá tem muita árvore, muita fauna, mas tem muita gente”

“A gente da Amazônia precisa melhorar de vida, precisa ter mais qualidade de vida, mais saneamento básico, moradia de mais qualidade, melhores empregos, melhores salários, melhor educação. É isso que é cuidar do clima. É cuidar do povo junto com o cuidado da natureza”, concluiu Lula.

Assista a íntegra.

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