Após GM, Hyundai e Renault, Volks suspende produção de carros
Empresa afirmou que medida foi tomada por conta da ‘estagnação do mercado’, mesmo tendo usado grande parte do crédito tributário oferecido pelo governo.
Publicado 29/06/2023 16:28 | Editado 30/06/2023 07:41
A Volkswagen informou que haverá parada de produção, temporariamente, em suas fábricas de automóveis no Brasil. Segundo a empresa, a causa é “estagnação do mercado”. São três fábricas, sendo em São José dos Pinhais (PR), Taubaté (SP) e São Bernardo do Campo (SP).
De acordo com a empresa, todas as ferramentas de flexibilização voltadas para os trabalhadores, considerando a suspensão da produção, “estão previstas em acordo coletivo firmado entre o sindicato e colaboradores da Volkswagen”. O layoff que utilizam é a suspensão do contrato de trabalho, em que o trabalhador fica sem remuneração, mas continua ligado à empresa sem trabalhar.
A fábrica de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR), está com um turno em layoff (suspensão temporária de trabalho) desde o dia 5 de junho deste ano. A duração prevista é de 2 a 5 meses. O outro turno da unidade está parado desde segunda-feira (26) e ficará suspenso até sexta (30), em regime de banco de horas. A fábrica produz o T-Cross, um dos SUVs mais vendidos do país, mas também o Audi Q3, que vendeu apenas 573 unidades este ano.
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A unidade de Taubaté, em São Paulo, onde são fabricados o Polo Track e o Novo Polo, está com os dois turnos de produção interrompidos desde o dia 26, também em regime de banco de horas. A suspensão vai até sexta-feira (30).
A fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, também em São Paulo, onde são produzidos os modelos Novo Virtus, Novo Polo, Nivus e Saveiro, está com férias coletivas de dez dias previstas para os dois turnos de produção a partir de 10 de julho.
Incentivo do governo
A decisão da montadora ocorre mesmo após lançamento, no último dia 6, de um programa de incentivo do governo federal à indústria automotiva, que criou descontos temporariamente para compra de carros, ônibus e caminhões.
O programa de incentivo do governo à indústria automotiva foi publicado no dia 6 de junho e criou descontos para carros de até R$ 120 mil.
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De acordo com o último levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), 84% dos recursos para financiamento do programa do governo para baratear carros de até R$ 120 mil já foram consumidos.
Ao todo, as fabricantes já solicitaram R$ 420 milhões em créditos tributários dos R$ 500 milhões disponíveis para os descontos ao consumidor pessoa física na compra de um veículo zero. Dessa parcela, a Volkswagen teve R$ 60 milhões liberados. Foi a segunda que mais utilizou, bem abaixo da FCA Fiat Chrysler, que utilizou créditos no valor de R$ 170 milhões. As demais montadoras foram Renault, Peugeot Citroen, Hyundai, General Motors, Nissan, Honda e Toyota.
Apesar das dificuldades da Volks, a linha VW Polo foi a mais vendida com os descontos do Governo Federal. Em janeiro deste ano, a marca lançou o Polo Track, substituto do velho Gol, que saiu de linha em dezembro de 2022.
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GM, Hyundai, Renault
A General Motors também pode ficar até 10 meses sem produzir na fábrica de São José dos Campos (SP), onde tem 1.200 funcionários. Lá são feitas a picape média S10 e o SUV Trailblazer. É possível que a GM promova a modernização desta linha, que terá novas gerações, a exemplo do que fez em São Caetano do Sul (SP) para produzir a nova Montana. Entretanto, a unidade do Vale do Paraíba há anos é “deficitária”, com grande ociosidade e com risco de fechamento. A GM também paralisou por alguns dias a produção em Gravataí (RS), onde monta a linha Onix nas carrocerias hatch e sedã, segunda mais vendida em 2022 com 85.252 emplacamentos em hatch e 75.243 em sedã.
A Hyundai é outra montadora que parou de produzir no País por alguns dias neste semestre, mesmo tendo os carros mais vendidos de 2022. A sul-coreana paralisou a fábrica de Piracicaba (SP), onde produz a linha HB20 (hatch e sedã), que fechou 2022 com 96.255 unidades da hatch emplacadas, e o SUV compacto Creta, que vendeu 62.651 em 2022, segundo a Fenabrave. Os carros continuam sendo os mais vendidos em 2023.
O Kwid, da Renault, que é o carro mais barato do País, teve sua linha de montagem interrompida também, no Paraná, o que explica o avanço do VW Polo.
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