Após GM, Hyundai e Renault, Volks suspende produção de carros

Empresa afirmou que medida foi tomada por conta da ‘estagnação do mercado’, mesmo tendo usado grande parte do crédito tributário oferecido pelo governo.

Produção de veículos na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) — Foto: Divulgação/Volkswagen

A Volkswagen informou que haverá parada de produção, temporariamente, em suas fábricas de automóveis no Brasil. Segundo a empresa, a causa é “estagnação do mercado”. São três fábricas, sendo em São José dos Pinhais (PR), Taubaté (SP) e São Bernardo do Campo (SP).

De acordo com a empresa, todas as ferramentas de flexibilização voltadas para os trabalhadores, considerando a suspensão da produção, “estão previstas em acordo coletivo firmado entre o sindicato e colaboradores da Volkswagen”. O layoff que utilizam é a suspensão do contrato de trabalho, em que o trabalhador fica sem remuneração, mas continua ligado à empresa sem trabalhar.

A fábrica de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR), está com um turno em layoff (suspensão temporária de trabalho) desde o dia 5 de junho deste ano. A duração prevista é de 2 a 5 meses. O outro turno da unidade está parado desde segunda-feira (26) e ficará suspenso até sexta (30), em regime de banco de horas. A fábrica produz o T-Cross, um dos SUVs mais vendidos do país, mas também o Audi Q3, que vendeu apenas 573 unidades este ano.

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A unidade de Taubaté, em São Paulo, onde são fabricados o Polo Track e o Novo Polo, está com os dois turnos de produção interrompidos desde o dia 26, também em regime de banco de horas. A suspensão vai até sexta-feira (30).

A fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, também em São Paulo, onde são produzidos os modelos Novo Virtus, Novo Polo, Nivus e Saveiro, está com férias coletivas de dez dias previstas para os dois turnos de produção a partir de 10 de julho. 

Incentivo do governo

A decisão da montadora ocorre mesmo após lançamento, no último dia 6, de um programa de incentivo do governo federal à indústria automotiva, que criou descontos temporariamente para compra de carros, ônibus e caminhões.

O programa de incentivo do governo à indústria automotiva foi publicado no dia 6 de junho e criou descontos para carros de até R$ 120 mil. 

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De acordo com o último levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), 84% dos recursos para financiamento do programa do governo para baratear carros de até R$ 120 mil já foram consumidos.

Ao todo, as fabricantes já solicitaram R$ 420 milhões em créditos tributários dos R$ 500 milhões disponíveis para os descontos ao consumidor pessoa física na compra de um veículo zero. Dessa parcela, a Volkswagen teve R$ 60 milhões liberados. Foi a segunda que mais utilizou, bem abaixo da FCA Fiat Chrysler, que utilizou créditos no valor de R$ 170 milhões. As demais montadoras foram Renault, Peugeot Citroen, Hyundai, General Motors, Nissan, Honda e Toyota.

Apesar das dificuldades da Volks, a linha VW Polo foi a mais vendida com os descontos do Governo Federal. Em janeiro deste ano, a marca lançou o Polo Track, substituto do velho Gol, que saiu de linha em dezembro de 2022.

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GM, Hyundai, Renault

A General Motors também pode ficar até 10 meses sem produzir na fábrica de São José dos Campos (SP), onde tem 1.200 funcionários. Lá são feitas a picape média S10 e o SUV Trailblazer. É possível que a GM promova a modernização desta linha, que terá novas gerações, a exemplo do que fez em São Caetano do Sul (SP) para produzir a nova Montana. Entretanto, a unidade do Vale do Paraíba há anos é “deficitária”, com grande ociosidade e com risco de fechamento. A GM também paralisou por alguns dias a produção em Gravataí (RS), onde monta a linha Onix nas carrocerias hatch e sedã, segunda mais vendida em 2022 com 85.252 emplacamentos em hatch e 75.243 em sedã.

A Hyundai é outra montadora que parou de produzir no País por alguns dias neste semestre, mesmo tendo os carros mais vendidos de 2022. A sul-coreana paralisou a fábrica de Piracicaba (SP), onde produz a linha HB20 (hatch e sedã), que fechou 2022 com 96.255 unidades da hatch emplacadas, e o SUV compacto Creta, que vendeu 62.651 em 2022, segundo a Fenabrave. Os carros continuam sendo os mais vendidos em 2023.

O Kwid, da Renault, que é o carro mais barato do País, teve sua linha de montagem interrompida também, no Paraná, o que explica o avanço do VW Polo.

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