Junho tem mês mais quente da história e acende alerta

Temperaturas registradas ao redor do mundo e ondas de calor nos EUA evidenciam a urgência de combater as mudanças climáticas; ONU diz que alterações “estão fora de controle”

Fumaça de incêndios florestais no Canadá pioram qualidade do ar em Manhattan, Nova York. (30/06/2023) Foto: Ed Jones/AFP

Segundo o relatório do Copernicus Climate Change Service, apoiado pela União Europeia, o mês de junho de 2023 foi o mais quente já registado em todo o mundo. A temperatura do ar e do mar controlado níveis alarmantes, com um aumento de pouco mais de 0,5°C em relação à média de 1991-2020. Esse valor superou o recorde anterior, registrado em junho de 2019, por uma margem substancial.

As análises realizadas pelo Copernicus baseiam-se em bilhões de dados de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas ao redor do globo. De acordo com o relatório, a Europa registrou temperaturas recordes durante o mês, enquanto partes da América do Norte, Ásia e Leste da Austrália também experimentaram temperaturas significativamente mais altas do que o normal para a época do ano.

O aquecimento global também teve um impacto na temperatura do mar, que alcançou um novo recorde em junho. Mudanças de longo prazo e o fenômeno climático El Niño cresceu para esse aumento, que resultou em ondas de calor marinhas extremas no Atlântico Norte, afetando regiões como a Irlanda, o Reino Unido e o Mar Báltico. Além disso, o gelo do mar antártico alcançou a menor extensão já observado desde o início das equipes por satélite, ficando 17% abaixo da média.

Morte por calor intenso nos Estados Unidos e no México

Infelizmente, as consequências desses eventos extremos não se limitam apenas a registros de temperatura. Nos Estados Unidos, pelo menos 13 pessoas perderam suas vidas devido à onda de calor que consumiu o país nas últimas semanas. O sul do estado do Texas, na fronteira com o México, foi especialmente afetado, com 11 das vítimas sendo dessa região.

Além disso, a qualidade do ar piorou devido aos incêndios florestais no Canadá, que especialistas atribuem às mudanças climáticas. A sensação térmica chegou a atingir os 45ºC em algumas áreas do sul do país.

Já no México, mais de cem pessoas morreram entre 12 e 25 de junho devido ao calor extremo que atinge regiões do norte do país. Durante este período, foram reportadas mais de mil emergências que podem estar ligadas às altas temperaturas. Dessas, 104 causaram mortes, segundo um relatório da secretaria de Saúde, publicado em 28 de junho.

As autoridades já tinham reportado outras oito mortes de 14 de abril a 31 de maio, somando 112 falecimentos, entre 1.559 casos registrados desde o início da temporada quente em 19 de março.

Esta semana a temperatura máxima foi registrada em Aconchi, Sonora, com 49º Celsius, segundo a Secretaria de Saúde.

Condições climáticas estão fora de controle

Diante desse cenário preocupante, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que as mudanças climáticas estão fora de controle e que “estamos caminhando para uma situação catastrófica”. Ele confirmou os registros consecutivos de temperatura alcançados recentemente e alertou para a necessidade de medidas fundamentais serem adotadas imediatamente. A média global de temperatura registrada em junho foi de 16,51 graus Celsius, 0,53 graus acima das últimas três décadas, superando o recorde anterior de 2019.

Os cientistas há meses alertam que 2023 será um ano de recordes de calor, com a tendência de agravamento em 2024. As altas temperaturas da superfície dos oceanos são um dos principais fatores para esses registros alarmantes, sendo influenciadas tanto pelas mudanças climáticas como pelo fenômeno El Niño, que tem efeitos globais e regionais e é responsável por anos considerados secos ou muito secos.

A ONU confirmou o retorno do El Niño na terça-feira (4), fenomêno que foi responsável pelo ano mais quente já registrado em 2016.

A preocupação com as mudanças climáticas é evidente, uma vez que os impactos são sentidos não apenas em termos de temperatura, mas também na qualidade do ar, na ocorrência de desastres naturais e na perda de vidas humanas. A necessidade de ações urgentes para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas se torna cada vez mais evidente, a fim de evitar um futuro catastrófico para o planeta.

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com agências

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