Parlamentares pedem investigação de Eduardo Bolsonaro por ataques a professores

A representação enviada à PGR diz que as práticas do filho de Bolsoanro são criminosas, abjetas, incompatíveis com o Estado Democrático. Abaixo-assinado da CNTE pede a cassação.

Deputadas Alice Portugal (PCdo/BA) e Daiana dos Santos (PCdoB/RS) acionaram a PGR , com outros parlamentares, pedindo investigação contra Eduardo Bolsonaro por comparação de professores com traficantes

As deputadas Alice Portugal (PCdoB-BA) e Daiana Santos (PCdoB-RS), ao lado de parlamentares do PT e do PV, acionaram nesta segunda-feira (10) a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), neste domingo (9), que comparou professor a traficante de drogas. No documento, os parlamentares pedem instauração de investigação para apurar os possíveis crimes cometidos por Bolsonaro no evento, e que ao final da apuração, seja apresentada denúncia ao STF, além da adoção de medidas administrativas e civis cabíveis no caso.

Em evento pró-armas em Brasília, o filho 03 de Jair Bolsonaro disse que pais precisam estar atentos a ‘professores doutrinadores’, e que eles podem ser piores do que quem sequestra crianças para o tráfico.

“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior”, disse Eduardo Bolsonaro.

Na representação enviada à PGR, os parlamentares alegam que Bolsonaro faz “escancarada apologia ao ódio contra professores, estimulando práticas violentas contra essa categoria e às instituições democráticas que eles representam” e pedem a responsabilização do parlamentar por “suas práticas criminosas, abjetas, incompatíveis com o Estado Democrático de Direito vigente”.

Leia também: PF analisa discurso de Eduardo Bolsonaro que comparou professores a traficantes

Para a deputada Daiana Santos a fala de Eduardo Bolsonaro é inaceitável e incita a violência. “Não vamos aceitar que a extrema direita continue promovendo o ódio e a violência. Isso não é liberdade de expressão e precisa ser responsabilizado no rigor da lei. Comparar professoras a traficantes, estimulando que sejam atacadas e perseguidas, é crime. Ainda por cima em um evento pró-armas, sendo que vimos recentes ataques armados a escolas, vitimando alunas e professoras”, pontuou a parlamentar.

Alice Portugal repudiou a conduta do filho do ex-presidente e destacou que é um “tipo de discurso fascista que só espalha ódio”. “Os professores são fundamentais para a construção do pensamento crítico e precisam ser respeitados. Isso não pode ficar impune”, afirmou.

Repercussão

A fala viralizou nas redes sociais. Em sua conta no Twitter, o vice-líder do Governo no Congresso, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) reiterou que a afirmação de Eduardo Bolsonaro é inadmissível. “Não é possível que a educação e os professores brasileiros sejam tratados dessa forma”, pontuou.

Já o vice-líder do Governo na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), destacou que “essa política de ódio foi derrotada nas urnas e precisa ser varrida da sociedade”.

O Ministério da Justiça também já pediu que a Polícia Federal (PF) faça uma análise de possíveis crimes cometidos no discurso.

CNTE pede cassação

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) está divulgando uma abaixo-assinado pedindo a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro.

Em nota, a entidade afirma que as declarações “constituem verdadeira incitação e apologia ao crime (artigos 286 e 287 do Código Penal Brasileiro), de modo que a CNTE defende a imediata abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por quebra de decoro e com consequente cassação do mandato parlamentar”.

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