Honestino é homenageado no 59º Congresso da UNE

Estudante de Geologia na UnB, Honestino presidiu a Federação dos Estudantes de Brasília e a União Nacional dos Estudantes por três mandatos. Foi assassinato em 10 de outubro de 1973.

Familiares de Honestino Guimarães receberam a homenagem. Foto> Yuri Salvador

Logo após a cerimônia de abertura do 59º Congresso da União Nacional de Estudantes (UNE) que ocorreu na noite desta quarta-feira (12), no Centro Comunitário Athos Bulcão, na Universidade de Brasília (UnB), o ato que homenageou os 50 anos sem Honestino emocionou os estudantes que chegavam para participar do maior encontro estudantil do país.

Estudante de Geologia na UnB, Honestino presidiu a Federação dos Estudantes de Brasília e a União Nacional dos Estudantes por três mandatos. Foi preso e assassinado pela ditadura militar em 10 de outubro de 1973.

O homenageado se destacou nacionalmente como liderança do movimento estudantil em meados dos anos de 1960, em plena ditatura militar. Militante da Ação Popular, foi preso por seis vezes. Preso pela última vez em 1973, Honestino nunca mais voltaria para casa.

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No ato, a presidenta da UNE, Bruna Brelaz, a vice-presidenta, Julia Aguiar e a secretária-geral, Lize Mustafá, recitaram um poema destacando a vida e a trajetória de Honestino, um exemplo de luta, de resistência, de amor ao Brasil, à liberdade, à democracia. Honestino foi um lutador, solidário e idealista, e por esta razão até hoje é um símbolo para os estudantes brasileiros.

Para completar a homenagem, membros de sua família subiram ao palco e a presidenta Bruna Brelaz destacou que seus familiares até hoje lutam pela memória, verdade e justiça do ente querido.

Presentes, o primo Ubajara Berocan Leite; os sobrinhos Mateus Dounis Guimarães e Gabriel Guimarães e a prima, Luiza Leite. Eles receberam uma medalha, símbolo da luta de Honestino e uma moldura em sua imagem, enquanto os estudantes presentes empunhavam cartazes com o rosto estampado do líder estudantil.

Familiares de Honestino. Foto: Yuri Salvador

“O herói da democracia, dos estudantes, da UNE. A memória de Honestino nunca será esquecida!”, enfatizou Bruna sendo aplaudida e seguida por gritos de “Honestino Guimarães, presente! Hoje e sempre!”

Foto: Yuri Salvador

Ao final do ato, uma intervenção artística aconteceu no plenário do centro cultural da UnB.

Apresentação cultural. Foto> Levante

História

Honestino nasceu no dia 28 de março de 1947, em Itaberaí (GO), mudou-se com sua família para Brasília nos anos 60, logo após a inauguração da cidade, onde estudou e lutou por liberdade e democracia.

Honestino foi morto em 10 de outubro de 1973, após ser preso no Destacamento de Operações de Informação (DOI), NO Centro de Operações de Defesa Interna no Rio de Janeiro.

Por nunca ter sido encontrado, Honestino está na lista de desaparecidos da ditadura militar, apesar dos órgãos de repressão que admitiam ter prendido Honestino, nunca terem dado pistas do seu desaparecimento.

A certidão de óbito de Honestino foi emitida em 1996, após o reconhecimento oficial de seu desaparecimento.

Em 20 de setembro de 2013, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu anistia post mortem a Honestino e determinou a retificação de sua certidão de óbito, pois o registro na época apontava “sem causa morte”.

Em portaria publicada em 11 de abril de 2014, o governo federal determinou que fosse retificada a causa morte de Honestino na certidão de óbito para morto em decorrência “dos atos de violência praticados pelo Estado”.

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