IPCA-15 surpreende mercado com deflação de 0,07% em julho

Esta é a primeira deflação do índice em 10 meses. Em relação a junho, redução foi de 0,11 ponto percentual. Dado reforça cenário positivo e mostra que é possível diminuir juros

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) teve uma queda maior do que o esperado em julho, registrando deflação de 0,07%. A medição, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou uma redução de 0,11 ponto percentual em relação à taxa do mês anterior, que havia avançado 0,04%. Trata-se da primeira deflação deste indicador em dez meses. 

O resultado surpreendeu os analistas de mercado, que projetavam queda de 0,03%, segundo informações da agência Bloomberg. Com essa redução, a alta acumulada em 12 meses pelo IPCA-15 desacelerou a 3,19%, a menor elevação desde setembro de 2020 (2,65%).

Segundo a pesquisa, o principal impacto na queda veio da retração de -3,45% nos preços da energia elétrica residencial, após a incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas de julho.   O bônus decorre de saldo positivo na Conta Comercialização da Energia Elétrica de Itaipu (Conta de Itaipu) em 2022, que neste mês beneficiou 81 milhões de unidades consumidoras. 

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Além da energia elétrica residencial (-3,45%), a queda nos preços do botijão de gás (-2,10%) também influenciou a retração do grupo habitação (-0,94%), um dos que mais impactaram o índice geral. Já a taxa de água de esgoto (0,20%) está entre os itens que subiram. 

O grupo alimentação e bebidas também apresentou queda de -0,40%, sendo que alimentação em domicílio recuou -0,72%. Destacam-se nesse segmento o feijão carioca (-10,20%), o óleo de soja (-6,14%), o leite longa vida (-2,50%) e as carnes (-2,42%). Por outro lado, a batata-inglesa (10,25%) e o alho (3,74%) ficaram mais caros. Já a alimentação fora de casa aumentou em 0,46% em relação ao mês anterior. 

Outro grupo que registrou alta foi o de transportes (0,63%). “O avanço é explicado pelo aumento nos preços da gasolina (2,99%), que teve o maior impacto positivo (0,14 p.p.) entre os subitens pesquisados. O gás veicular também subiu (0,06%), enquanto o óleo diesel (-3,48%) e etanol (-0,70%) tiveram deflação. Com esses resultados, os combustíveis tiveram alta de 2,28% em julho”, aponta o IBGE. 

Queda nos juros

O resultado do IPCA-15 é mais um elemento a demonstrar que o atual cenário econômico é positivo. “O povo está vendo o país melhorar e o governo trabalhar para construir esse Brasil que queremos”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelas redes sociais.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, também comemorou: “Boa notícia! O IPCA-15 apresentou queda de 0,07% em julho, menor que junho e que a expectativa de mercado. Por trás dos números, temos alimentos chegando mais baratos à mesa dos brasileiros e salários valendo mais. Esse é o Brasil que queremos”. 

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O dado também reforçou a possibilidade de queda na taxa de juros, mantida em 13,75% pelo Banco Central. “A deflação é marcada pela baixa da conta de energia elétrica, gás de cozinha e alimentos. Com isso, mais uma vez, é comprovado que os juros extorsivos do Banco Central são injustificáveis. O que o Brasil precisa é juros baixos, mais investimentos, mais emprego e renda”, disse a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), pelas redes sociais. 

A deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann (PR), salientou que a “prévia da inflação, puxada pela redução do preço dos alimentos, registrou queda em julho, continuando a desaceleração. Em 12 meses, acumulou 3,19%, abaixo do centro da meta do BC. Ou seja, espaço de sobra pra baixar os juros”. 

Com agências

(PL)

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