Kiev anuncia nova fase da contraofensiva e alega avanços, Rússia nega

Mais: Coreia comemora dia da vitória / A ironia da Raret / Putin anuncia que fornecerá grãos de forma gratuita para a África / Pôster soviéticos contra o colonialismo.

A Ucrânia anuncia, desde a noite desta quarta-feira (26) que sua contraofensiva entrou em nova fase. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, citando a agência Bloomberg, “uma autoridade do setor de inteligência dos Estados Unidos que não quis se identificar disse que os ucranianos fazem avanços significativos em Zaporozhie, uma das áreas tomadas pelos russos na guerra iniciada em fevereiro de 2022”. A Folha acrescenta ainda que “horas depois, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou em um vídeo compartilhado em suas redes sociais que as tropas do país haviam recapturado a pequena cidade de Staromaiorske, no Sudeste”. “Glória a todos os que defendem a Ucrânia! A propósito, nossos meninos na frente (de batalha) tiveram resultados muito bons hoje“, disse Zelenski, em discurso na noite desta quarta-feira, segundo a Bloomberg. Analistas declararam ao New York Times, igualmente de acordo com a Folha de S. Paulo, que “na primeira fase da contraofensiva as forças de Kiev se limitaram a sondar as linhas inimigas em busca de pontos fracos. Nos últimos dias, porém, a estratégia foi alterada, com a mobilização da maior parte de suas tropas treinadas pelo Ocidente na porção sul do país”. O jornal paulista acrescenta que “os Estados Unidos e outros aliados de Kiev treinaram mais de 63 mil soldados ucranianos, segundo o Pentágono, e forneceram centenas de blindados e outros equipamentos à Ucrânia”.

A versão russa: Fracasso total da Ucrânia com grandes perdas e 78% do equipamento destruído

O presidente Vladimir Putin, em pronunciamento no âmbito da Cúpula Rússia-África, reportado pela agência Sputnik News, garantiu que a Ucrânia “não obteve sucesso em nenhuma parte da luta” no decorrer da investida em Zaporozhie. Putin afirmou que a Ucrânia, durante as batalhas de quarta-feira na direção de Zaporozhie, sofreu grandes perdas de equipamento (39 de 50 blindados destruídos, 78%) e de pessoal – mais de 200 soldados, tendo sido as perdas da Rússia dez vezes menores, “além do equipamento de combate, o inimigo teve grandes perdas de pessoal – mais de 200 soldados. Infelizmente, não saímos sem perdas. Mas a diferença é enorme, muitas vezes, mais de dez vezes menos do que o inimigo“, disse ele a jornalistas. Ao mesmo tempo, Putin destacou que todas as tentativas da contraofensiva ucraniana foram interrompidas, não tendo o inimigo sucesso e sendo repelido. “O inimigo não teve sucesso em nenhuma parte da luta. Todas as tentativas de contra-ataque foram interrompidas, tendo o inimigo sido repelido sofrendo grandes perdas“, disse ele. A luta, acrescentou o presidente, está na área de responsabilidade da 810ª Brigada da Marinha da Frota do Mar Negro e de 71 regimentos da 42ª divisão do 58º Exército do Distrito Militar do Sul, cujos “soldados e oficiais demostraram os melhores exemplos de heroísmo massivo“. “O inimigo usou grande número de veículos blindados, 50 unidades. Destas, 39 unidades, incluindo 26 tanques e 13 veículos blindados, foram destruídas. 60% [do equipamento] foram destruídos pelas forças citadas anteriormente e 40% pelos pilotos da aviação de combate“, sublinhou Putin. Soldados e oficiais russos mostraram os melhores exemplos de heroísmo massivo na zona da operação especial, enfatizou o líder russo. “Tudo o que aconteceu nas últimas 24 horas é um exemplo vívido do heroísmo massivo de nossos soldados e oficiais“, acrescentou. Putin estaria tão entusiasmado com o desempenho das forças armadas russas nas últimas horas, que a agência Sputnik informa que “sob instruções do chefe de Estado, todos os militares que estão diretamente na zona das missões de combate serão premiados hoje (quinta-feira, 27) com prêmios estatais, ademais, as unidades receberão títulos honorários”. Além disso, a RT reportou que Moscou lançou novos ataques de longo alcance contra a infraestrutura militar da Ucrânia, visando estoques de armas, depósitos de munição e combustível, bem como vários aeródromos. A RT indicou como fonte o Ministério da Defesa russo em seu briefing diário desta quinta-feira. Os ataques, realizados nas últimas 24 horas, envolveram “armas de alta precisão de longo alcance, aéreas e marítimas”, disseram os militares. Os alvos eram os centros de “comando e controle” dos militares ucranianos, bem como várias bases de reparo da retaguarda, locais de armazenamento e aeródromos. As instalações de armazenamento selecionadas para serem atacadas eram usadas para esconder “drones marítimos, bem como mísseis, armas e equipamentos militares recebidos de países europeus e dos EUA”, sustenta o ministério. Todos os alvos designados foram atingidos com sucesso, afirmaram os militares de acordo com a RT.

Coreia Popular comemora o dia da vitória

Da esq. p/ dir.: Kim Jong Chol (segundo secretário da embaixada), Raul Carrion (Comissão de Relações Internacionais do PCdoB), Embaixador Kim Chol Hak, Ana Prestes e Pedro Oliveira (Comissão de Relações Internacionais do PCdoB)

Há 70 anos (27 de julho de 1953) após três anos de luta, a Coreia Popular forçou os EUA a assinarem o “Armistício de Panmunjon”. A República Popular Democrática da Coreia (RPDC) considera o 27 de julho “o Dia da Vitória”, uma das datas mais importantes para os coreanos, que de fato derrotaram a poderosa máquina de guerra estadunidense. Como recorda o historiador Raul Carrion, “nessa guerra, os EUA e seus aliados cometeram todos os crimes de guerra possíveis, desde o bombardeio massivo de civis, destruição da infraestrutura do país, guerra química (inclusive o uso de napalm), guerra bacteriológica e ameaça de uso de bombas atômicas”. Mais de 160 mil soldados americanos morreram em batalha, o triplo do Vietnã. Uma delegação do PCdoB, chefiada pela Secretária de Relações Internacionais do Comitê Central, Ana Prestes, visitou a embaixada da RPDC e entregou uma mensagem de saudação ao embaixador Kim Chol Hak, expressando “as mais calorosas saudações do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), na ocasião em que se comemora em vosso país, o 70º aniversário da vitória na guerra de libertação da Pátria contra os EUA. Na ocasião, no Brasil e por todo o mundo, importantes campanhas de solidariedade à Coreia foram organizadas, e a vitória final contra o imperialismo, sob a condução de Kim Il-Sung, infundiu grande entusiasmo aos revolucionários latino-americanos”. Em Pyongyang, o secretário-geral do Partido do Trabalho da Coreia e presidente de Assuntos de Estado da RPDC, Kim Jong Un, visitou, como parte das comemorações, a exposição “Armas-2023”, onde sofisticados instrumentos de defesa foram expostos. A visita ocorreu tendo como convidado especial o ministro da Defesa da Federação Russa, Sergei Shoigu, e membros da delegação militar russa. Segundo a agência KCNA, durante uma conversa com o ilustre visitante, Kim Jong Un apresentou as suas opiniões sobre questões de interesse mútuo na luta pela defesa da soberania e dos planos de desenvolvimento dos dois países contra o despotismo e arbitrariedade dos imperialistas e pela afirmação da justiça e da paz internacionais.

 A ironia da Raret

A edição desta quinta-feira do jornal Avante! traz uma pequena crônica de Manuel Gouveia com o título acima, onde o autor faz uma certeira denúncia sobre a realidade paralela que muitas vezes é criada pela mídia hegemônica a serviço dos interesses burgueses. Segue: “A Raret era uma base norte-americana que, a partir do Ribatejo, em Portugal, emitia a Rádio Europa Livre com propaganda anticomunista dirigida aos países da Europa de Leste. Recentemente, uma série de televisão e um livro aproximaram essa estória do presente de muitos portugueses. O primeiro que se destaca é a ironia da coisa. Uma emissora situada num país oprimido por uma ditadura fascista a emitir propaganda sobre ‘o mundo livre’. Uma emissora situada num país onde os comunistas estavam presos por lutarem pela liberdade e a democracia, a difundir propaganda anticomunista que prometia a liberdade. Mas pensemos nas pessoas que trabalhavam na Raret. Viviam no meio de uma região miserável, que na sua própria descrição, custava a crer situar-se na Europa. Viviam no seio de uma ditadura fascista, com censura, repressão da organização política e sindical, num país mergulhado numa guerra colonial que o mundo condenava. E todos os dias, indiferentes a essa realidade, produziam a propaganda sobre o mundo livre que depois era difundida para a Europa de Leste. Esses homens e mulheres viviam num país da OTAN. Bastava-lhes olhar à volta para perceber o que era (e é) a OTAN. Era-lhes impossível não saber o que era (e é) a OTAN. E, no entanto, todos os dias cumpriam a sua missão e produziam propaganda que apresentava a OTAN como o garante da democracia e dos direitos humanos. No fundo, o mesmo que se passa hoje. Só que os emissores da Rádio Europa Livre foram substituídos pela cacofonia de milhares de canais de comunicação, todos perfeitamente alinhados com o pensamento único. Que agora emitem para Portugal. Indiferentes à realidade portuguesa, a prometerem o paraíso, se cedermos a nossa soberania, entregarmos a nossa economia às suas multinacionais e – chegará o dia, como já chegou na Holanda e na Ucrânia – colocarmos a língua deles como nossa língua oficial. Quando ligares a televisão ou a rádio, lembra-te da Raret. São eles que emitem. O que dizem é mentira. E eles sabem”.

Presidente do Vietnã reúne-se com dirigentes dos PCs italianos

Mauro Alboresi e Vo Van Thuong / Foto: VNA – Thống Nhất

Nesta quinta-feira o presidente da República Socialista do Vietnã, Vo Van Thuong, visando reforçar os laços fraternos e de solidariedade com organizações amigas, manteve reuniões separadas com o secretário-geral do Partido Comunista Italiano, Mauro Alboresi, e com o secretário-geral do Partido da Refundação Comunista, Maurizio Acerbo, como parte de sua visita à nação europeia. Vo Van Thuong reuniu-se também com a vice-presidenta do Partido Democrático, Chiara Gribaudo. O PD abriga membros do extinto Democratas de Esquerda, que por sua vez se originou do Partido Democrático de Esquerda, alegadamente sucessor do histórico PCI.

Putin anuncia que fornecerá grãos de forma gratuita para a África

Na abertura da Cúpula Rússia-África, nesta quinta-feira, em São Petersburgo, o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin prometeu abastecer países da África com milhares de toneladas de grãos, arcando inclusive com os custos do transporte. Esta é uma grande notícia para os líderes africanos presentes à Cúpula, profundamente preocupados com o fim do acordo de exportação de grãos pelo mar Negro, que impacta principalmente a África. O pacto, em parceria com a ONU e a Turquia, assegurava o trânsito das exportações ucranianas. Mas a Rússia deixou o trato no último dia 17 sob a justificativa de que a contrapartida ao arranjo não estava sendo cumprida. No dia 20 a Rússia retomou o bloqueio naval à Ucrânia, declarando que todos os navios que se dirigem para portos ucranianos serão tratados como potenciais transportadores de mercadorias de guerra e, portanto, considerados alvos militares legítimos. A mídia hegemônica tenta colocar “gosto ruim” na promessa de Putin, insinuando que ela não será cumprida. Contudo, os países africanos, além de desfrutarem atualmente de excelentes relações com a Federação Russa, guardam na memória as históricas provas de amizade da Rússia, principalmente quando, nos tempos da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), este país foi um grande incentivador das lutas nacionais africanas contra o colonialismo e pela liberdade. Por falar nesse assunto, vejam a nota abaixo.

O apoio propagandístico soviético à luta da África contra o colonialismo

RT publicou, nesta quarta-feira, uma excelente seleção de cartazes, mostrando que além de apoio político, diplomático, militar e financeiro, “a libertação da África da opressão dos colonizadores ocidentais na década de 1960 tornou-se um dos principais temas dos cartazes de propaganda soviética”. Vejam a ótima seleção de cartazes feita pela RT. Os textos explicativos são de Georgiy Berezovsky, da RT, em tradução livre desta Súmula.

Um dos primeiros cartazes mostrando a luta das nações africanas contra os colonizadores ocidentais foi criado em 1960 por um grupo de artistas gráficos soviéticos conhecido como Kukryniksy. A imagem de um homem negro que estrangula seu ex-opressor com correntes quebradas é acompanhada por uma inscrição que diz , “As nações da África controlarão os colonizadores!”.

O criador deste pôster é o aclamado artista soviético Viktor Koretsky, que fez mais de 40 pôsteres carregados de emoção durante a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1960, a luta contra o colonialismo na África tornou-se um de seus principais temas. A inscrição neste pôster diz: “Liberdade para todas as nações da África!”.

Este cartaz, também de Koretsky criado no estilo do realismo socialista, mostra um homem negro quebrando os grilhões que o prendem. A inscrição diz: “A África está lutando, a África vencerá!”.

Outro pôster de Koretsky retrata um homem negro que recebeu um papel de países ocidentais prometendo “ajuda aos países subdesenvolvidos”. No entanto, olhando para trás, ele vê como as mesmas mãos que lhe deram o papel estão tentando roubar de uma cesta com a inscrição “recursos naturais”. A frase principal do pôster diz “Neocolonialismo é a pilhagem das nações”.

O conflito entre opressores e oprimidos não foi o único tema que surgiu nos cartazes soviéticos da época. Os artistas frequentemente exploravam o lado construtivo da descolonização. Por exemplo, este pôster é do pintor soviético-armênio Eduard Artsrunyan, uma figura importante na arte armênia moderna. A obra foi criada logo no início de sua carreira, após sua formatura no Instituto de Arte. A imagem de um jovem africano pronto para construir um futuro feliz em sua terra natal é acompanhada pela inscrição: “A África está construindo. A África vencerá!”.

Artsrunyan criou outro pôster com o mesmo tema dois anos depois, em 1965. Este apresenta uma mãe africana – outra imagem popular para artistas soviéticos. “Da escuridão e da escravidão – para a liberdade, para a felicidade”, diz a inscrição.

Este cartaz, criado pelo casal de artistas Vladimir e Irina Kalensky em 1961, foi dedicado ao desfile das soberanias do continente africano. A inscrição no pôster, que mostra uma garota negra carregando as bandeiras das nações recém-formadas, diz: “O vento da liberdade está soprando sobre a África!”.

Este pôster de 1960, feito pelos artistas Oleg Maslyakov e Efim Tsvik, também evita slogans políticos diretos. Em vez disso, espera um novo começo para o continente africano ao despertar de seu sono colonial. “Bom dia, África”, diz a inscrição.

Uma obra de Nina Vatolina, a criadora do famoso pôster soviético “Não Tagarelar”, retoma o tema do pôster anterior cinco anos depois, em 1965. A inscrição diz “Vivemos em uma África livre!”.

Algumas das obras de artistas gráficos soviéticos foram dedicadas a figuras proeminentes do movimento de libertação africana. Por exemplo, este de Viktor Koretsky é dedicado à memória do combatente da independência e primeiro-ministro da República Democrática do Congo Patrice Lumumba, morto em 1961. Lumumba é mostrado contra a silhueta do continente africano e com a mesma silhueta em seu coração. É acompanhado pela inscrição: “Ele carregava a África em seu coração”.

Lumumba também é mencionado em uma obra do artista de pôsteres Vadim Volikov intitulada “Responsabilize os colonizadores!”. Mostra lutadores de libertação africanos e árabes com um proletário russo. Juntos, eles ameaçam um militar que segura uma faca ensanguentada e carrega a inscrição “colonialismo” em seu capacete. Os lutadores contra o colonialismo seguram cartazes em três idiomas, que proclamam:

– (inglês) Lamentamos por Lumumba, a África deve viver, Remova Hammarskjöld*!

– [árabe] Abaixo o colonialismo, pela vitória dos povos!

– [Russo] Abaixo o colonialismo, África livre!

* Dag Hammarskjöld, sueco, secretário-geral da ONU, negou apoio ao primeiro-ministro do Congo, Patrice Lumumba, na prática colaborando com seu assassinato pelos reacionários ligados ao imperialismo (n. do ed.).

Muitos artistas de pôsteres traçaram paralelos entre a Revolução de Outubro na Rússia e o movimento de libertação na África. Por exemplo, este pôster de 1969 de Vasily Boldyrev mostra um jovem negro com um rifle iluminado pela luz do cruzador soviético Aurora – um dos principais símbolos da Revolução Russa. “O Grande Lenin iluminou nosso caminho”, diz a inscrição.

Esta obra criada em conjunto por Viktor Koretsky e Yuri Kershin em 1967 mostra um combatente da independência africana como uma imagem espelhada de um revolucionário proletário russo. O cartaz traz uma citação das teses adotadas pelo Comitê Central do Partido Comunista da URSS para o 50º aniversário da Revolução de Outubro:

“A Grande Revolução Socialista de Outubro desferiu um duro golpe em todo o sistema de domínio colonial imperialista e tornou-se um poderoso estímulo para o desenvolvimento do movimento de libertação nacional.”

A inscrição afirma: “As correntes estão se quebrando – isso é um eco de nossa revolução!”.

Esta obra de Vladimir Menshikov pertence à última escola da arte do pôster soviético – foi criada em 1980, quando a Guerra Fria havia entrado em um novo estágio de tensão. O homem retratado no canto inferior esquerdo segura uma bandeira com a inscrição “Dê-nos a liberdade!” A imagem é acompanhada por um poema:

A hora da retribuição está chegando,
As chamas da batalha se acendem;
Jogando fora a carga desprezada de seus ombros,
os escravos ganham liberdade.

Este pôster de 1967 do artista soviético de origem azerbaijana Vilen Karakashev mostra a irreversibilidade do movimento anticolonial na África. “Você não pode extinguir a aurora da liberdade!” diz o cartaz.

Um pôster do artista Nikolay Smolyak, de 1961, retrata um jovem africano ‘escavando’ um colonialista, que deixa para trás pegadas com as palavras “escravidão, roubo, fome e terror” em solo africano. A inscrição diz: “O colonialismo NÃO tem lugar na Terra!”.

Na URSS, a campanha de apoio à luta africana contra as potências coloniais ocidentais foi apoiada não apenas por artistas individuais, mas também por várias publicações. Por exemplo, esta é a capa da edição de setembro de 1960 da revista satírica “Crocodilo”. “Limpe-se!” diz um jovem de pele escura com uma vassoura, banindo os opressores ocidentais de seu continente.

Um tema semelhante é explorado por Alexander Vyaznikov e Vasily Fomichev em um pôster criado em 1972. É acompanhado por um poema:

Colonizadores da velha escola 
Assim como os modernos
Devem todos ser enviados para o lixo
Tal é o seu destino!

O regime político na África do Sul, onde o sistema do Apartheid sobreviveu até mesmo à URSS, foi alvo de críticas particularmente contundentes por parte dos artistas soviéticos. Neste pôster de Eduard Artsrunyan, um homem negro está tentando quebrar correntes que lembram as fronteiras da África do Sul. “O colonialismo está condenado!” diz a inscrição.

Um pôster de 1978 intitulado “O Sorriso do Racismo”, do artista Fyodor Nelyubin, aborda o mesmo tema. Ele retrata um colonizador amargurado cujo sorriso sinistro soletra as palavras “apartheid” e “genocídio”. A obra é acompanhada por um pequeno poema:

Nesta luta mortal, ele não manterá
seus velhos hábitos coloniais!

Outra obra de Nelyubin, pintada no mesmo ano, ridiculariza a relutância dos imperialistas ocidentais em compreender a atitude hostil demonstrada em relação a eles pela população local da África. O cartaz intitulado “Ingratidão Negra” é acompanhado por um poema:

Alarme malicioso se espalha nos campos racistas
Foster está zangado, indignado está Smith:
Fizemos tanto pelos negros 
Mas tudo o que eles gritam é “Abaixo o apartheid!”.

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