Bruna Rodrigues é primeira mulher negra a presidir sessão na Assembleia do RS

Deputada estadual do PCdoB ocupou a presidência, após 200 anos de história da Assembleia Legislativa do RS. “É uma conquista histórica para nossas mulheres”, afirmou a parlamentar comunista

Foto: Paulo Garcia/Agência ALRS

Pela primeira vez em quase 200 anos, uma sessão da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul foi presidida por uma mulher negra. Trata-se da jovem comunista Bruna Rodrigues, do PCdoB. “Ocupar a cadeira da presidência desta Casa é uma conquista histórica para nossas mulheres que até então nunca tinham se visto nesse lugar sendo representadas”, disse Bruna. 

O fato histórico aconteceu nesta quarta-feira (2). “Tenho muita satisfação em dizer que meus passos vem de longe e que a chegada da Bancada Negra, além de um marco, é também o resultado de muita mobilização e luta do nosso povo!”, declarou a deputada estadual. 

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Bruna destacou ainda que o fato “pode parecer algo pequeno, mas não é: nunca na história da Assembleia uma mulher negra presidiu os trabalhos, pois nós nunca estivemos neste lugar. É a primeira legislatura que conta com a nossa presença”. Ela também salientou o significado disso estar ocorrendo em pleno Agosto Lilás, mês dedicado ao combate à violência contra as mulheres. 

São nos pequenos gestos, afirmou, “que vão se demonstrando as mudanças à população. Ainda não mudou tanto porque a correlação de forças ainda não mudou no parlamento, mas pode mudar. É um sinal, pequeno, mas muito simbólico”. 

Defesa das mulheres

Durante a sessão, ao fazer uso do grande expediente, Bruna falou sobre a luta contra a violência às mulheres e destacou o papel da Lei Maria da Penha. Ela abordou as violências física e psicológica e também tratou do racismo e das diferenças salariais que aprofundam o cenário de desigualdade. 

Bruna salientou ainda que o Rio Grande do Sul é um dos estados do Brasil que mais mata mulheres. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o RS ocupa a quarta posição em números absolutos de feminicídios, com 110 casos. Em todo o Brasil, os feminicídios cresceram 6,1% em 2022, resultando em 1.437 mulheres mortas — das quais, 61% são negras. 

Além dos crimes contra a vida, as agressões em contexto de violência doméstica tiveram aumento de 2,9%, totalizando 245.713 casos; as ameaças cresceram 7,2%, como registro de 613.529 ocorrências. No caso dos estupros, o Brasil teve o maior número da história, com quase 75 mil vítimas; 88% das vítimas são do sexo feminino e 56,8%, negras. 

(PL)

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