Mulheres dedicam mais horas a tarefas domésticas do que homens

De acordo com o PNAD, as mulheres dedicam 24,4 horas semanais em atividades do lar, enquanto os homens gastam apenas 12,6 horas

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Novos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que, apesar de uma leve redução, a diferença na divisão de tarefas domésticas entre homens e mulheres persiste no Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua 2022, as mulheres dedicam 9,6 horas a mais do que os homens nas tarefas domésticas e no cuidado de pessoas.

Embora essa diferença seja menor em relação a 2019, quando a disparidade era de 10,6 horas a mais, ainda é um indicador preocupante. Afinal, são as mulheres que mais sentem o peso das tarefas domésticas e do cuidado com outras pessoas. Elas dedicam, em média, mais de 20 horas semanais para isso, enquanto os homens dedicam um pouco mais da metade desse tempo, cerca de 11 horas semanais. 

O estudo também destaca que a disparidade permanece a mesma quando ambos os gêneros possuem ocupações remuneradas. As mulheres que estão empregadas dedicam, em média, 6,8 horas a mais por semana às tarefas domésticas e de cuidado em relação aos homens com empregos. Essa diferença é ampliada entre os não ocupados, onde as mulheres não ocupadas dedicaram incríveis 11,1 horas a mais do que os homens não ocupados.

Diferenças regionais

As desigualdades regionais também são evidenciadas pelo estudo. No Nordeste do Brasil, a diferença entre a contribuição das mulheres (91%) e dos homens (79%) para as atividades domésticas é particularmente acentuada, com uma discrepância de 12 pontos percentuais. Em contraste, a diferença é menor na região Sul, com uma disparidade de apenas 9 pontos percentuais.

Desigualdades étnicas

Um aspecto importante levantado pelo estudo é a divisão por raça. As mulheres pretas são as que mais se dedicam ao trabalho doméstico, com uma taxa de 92,7%, superando as pardas (91,9%) e as brancas (90,5%). Entre os homens, os pretos também se destacam, com 80,6%, seguidos pelos brancos (80%) e pardos (78%).

O cenário se torna ainda mais complexo quando se trata do cuidado das pessoas. A pesquisa aponta que em 2022, 50,8 milhões de pessoas realizaram cuidado de moradores do domicílio ou pais não moradores, com uma taxa de realização de 29,3%. Isso representa uma queda significativa em relação a 2019, atribuída a fatores como a menor fecundidade durante a pandemia e o aumento da ocupação no mercado de trabalho.

As mulheres continuam na linha de frente do cuidado de pessoas, com uma taxa de realização de 34,9% em comparação com 23,3% dos homens. As disparidades raciais também se manifestam aqui, com mulheres negras liderando o cuidado de pessoas em relação às brancas.

Influência da escolaridade

A pesquisa também destacou uma tendência interessante relacionada à escolaridade. Quanto maior o nível de instrução, mais os homens se envolvem nas tarefas domésticas. A proporção de homens com ensino superior completo que dedicam tempo às atividades domésticas chega a 86%, em comparação com 74% entre os homens sem instrução ou com ensino fundamental incompleto. Entre as mulheres, embora também haja um aumento na dedicação às atividades domésticas com o aumento da escolaridade, a diferença é menor, atingindo 5 pontos percentuais.

Em relação às atividades específicas, como pequenos reparos e trabalho voluntário, os homens ainda mantinham uma presença mais marcante. Entre 2019 e 2022, as atividades que mais cresceram incluíram cuidar dos animais domésticos e pequenos reparos. Contudo, as atividades fornecidas à alimentação, limpeza e arrumação do domicílio continuam sendo predominantemente realizadas por mulheres.

Em resumo, os dados da PNAD 2022 evidenciam que, apesar de uma leve redução, a desigualdade na divisão de tarefas domésticas entre homens e mulheres persiste no Brasil. As disparidades regionais e étnicas adicionam complexidade a essa questão, e a explicação entre escolaridade e participação nas atividades domésticas aponta para um caminho potencial a ser explorado na busca por maior equidade de gênero no ambiente familiar.

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Fonte: IBGE

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