Ex-executivos da Americanas delatam quadrilha de fraudadores contábeis

Justiça homologa a delação premiada de dois ex-executivos da varejista que teve a contabilidade fraudada

Lojas Americanas já demitiram 8 mil trabalhadores em sete meses após descoberta das fraudes contábeis.

Dois ex-executivos da varejista Americanas fecharam acordos de delações premiadas com o Ministério Público Federal (MPF), que teve nesta terça-feira (16) a homologação pela Justiça Federal do Rio de Janeiro: Flavia Carneiro e Marcelo Nunes. São as primeiras colaborações do caso, segundo o jornal O Globo. As delações atingem diretamente seus ex-colegas de diretoria como os autores das fraudes contábeis na empresa estimadas em R$ 20 bilhões.

O procurador José Maria de Castro Panoeiro afirma que o acordo partiu dos próprios envolvidos. À CPI das Americanas no Congresso, o procurador afirmou que, até o momento, identificou no escândalo contábil da companhia os crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, manipulação de mercado e insider trading (uso de informações não divulgadas ao mercado).

Em junho, a empresa divulgou relatório feito por assessores jurídicos que apontou fraudes praticadas pela antiga diretoria para ocultar do conselho de administração e do mercado a real situação de endividamento patrimonial da companhia.

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Flavia Carneiro foi superintendente de controladoria da Americanas até fevereiro, quando foi afastada de suas funções e depois demitida. Marcelo da Silva Nunes foi diretor financeiro de todo o grupo. A delação dos ex-executivos faz menção principalmente ao ex-CEO da companhia, Miguel Gutierrez. Eles teriam apresentado mensagens e documentos internos em que ele os pressiona a inflar receitas e lucros.

Na auditoria, os dois delatores constavam como integrantes do grupo fraudador, que incluía ainda o ex-CEO Miguel Gutierrez, os ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e os ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.

Ao ser questionado sobre a possibilidade do envolvimento dos acionistas da Americanas –os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira–, Panoeiro disse que essa é uma das “grandes perguntas” da investigação. “Pela minha experiência, alcançar um extrato do nível de controlador só se algum diretor sinalizar algo nesse sentido ou se encontrarmos mensagens ou coisas desse tipo”, disse.

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