Polícia de Ohio divulga vídeo de mulher negra grávida morta por policiais

Movimentos sociais protestam neste domingo (3) após a divulgação, que demorou oito dias para acontecer. Família fala em assassinato “em circunstâncias ridículas”

Foto: Reprodução

A polícia de Ohio, nos Estados Unidos, divulgou nesta sexta (1) imagens da câmera corporal de um policial que injustificadamente atirou e matou uma mulher negra grávida. O assassinato de Ta’Kiya Young ocorreu em 24 de agosto após dois policiais abordarem a mulher de 21 anos dentro do seu veículo em um estacionamento de supermercado.

O vídeo mostra dois policiais cercando o veículo de Young, que estava atrás do volante em uma vaga do estacionamento. Um dos policiais bate na janela e pede por algumas vezes que a mulher saia do carro.

“Eles disseram que você roubou coisas. Saia do carro”, diz o policial.

Um segundo policial se posiciona na frente do veículo de Young e durante a discussão atira no para-brisa. O disparo acerta a mulher e o veículo em baixa velocidade acaba se colidindo com a parede do supermercado.

Ela chegou a ser levada para um hospital, mas lá foi declarada morta. Ta’Kiya deixou dois filhos e a família exige responsabilização dos agentes envolvidos no caso.

Seam Walton, advogado que representa a família, disse que o vídeo revela claramente que o tiro contra Young foi injustificado. Walton pediu que o policial fosse acusado imediatamente e criticou a polícia por não divulgar o vídeo antes.

A polícia de Blendon Township, uma cidade de 10 mil habitantes na região metropolitana de Columbus, demorou oito dias para disponibilizar as imagens.

“A família de Ta’Kiya está com o coração partido”, disse Walton em uma entrevista à Associated Press. “O vídeo não fez nada além de confirmar os temores de que Ta’Kiya foi assassinada injustificadamente. Para eles, foi chocante verem Ta’Kiya ter sua vida tirada em circunstâncias tão ridículas”, afirmou.

Young morava em Columbus, era aspirante a assistente social e mãe de dois meninos, de 3 e de 6 anos. Grávida, estava com parto previsto para novembro.

No dia seguinte ao assassinato, autoridades locais disseram que um dos funcionários alertou os policiais para um suposto arrastão no supermercado, com vários furtos simultâneos em um breve espaço de tempo.

Foi neste contexto que Ta’Kiya Young foi abordada pelos policiais.

Protestos foram convocados por movimentos populares de Columbus. O grupo “People’s Justice Project” convocou protesto para este domingo (3) e exigiu que as autoridades judiciárias divulguem os nomes dos policiais e exijam um exame toxicológico.

“Mulheres negras não merecem isso. Este encontro fatal com a polícia não pode ser minimizado. Mais uma vez este país escolhe mercadorias ao invés de vidas pretas. Enquanto o chefe de polícia tentar guiar a narrativa nós não ficaremos inertes. Uma mãe grávida foi tirada dos seus filhos, da sua família e amigos por causa de mercadorias valem mais que a vida negra. George Floyd foi morto por US$20 e Ta’Kiya foi morta por um suposto roubo de álcool”, disse Ramon Obey, líder do movimento.

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