Tarcísio muda comando da Polícia de SP em meio a operações controversas

Na última semana, houve audiências de órgãos de defesa de Direitos Humanos questionando a chacina promovida pela polícia no Guarujá e a violência contra dependentes químicos.

Secretário de Segurança Publica, Guilheme Derrite, durante entrevista coletiva Foto: Rogério Casimiro/Governo do Estado de SP

O governo de São Paulo, sob a gestão de Tarcísio de Freitas, anunciou recentemente uma série de mudanças no comando da Polícia Militar do estado, incluindo a substituição do comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a tropa de elite paulista. Essas mudanças ocorreram em meio a controvérsias relacionadas à chamada Operação Escudo e afetaram também o 13º Batalhão, responsável pela região da Cracolândia.

O tenente-coronel Rogério Nery Machado, que liderava a Rota desde março, foi substituído pelo tenente-coronel Leonardo Akira Takahashi. A mudança ocorreu após apenas quatro meses de liderança de Machado e logo após a morte do soldado Patrick Bastos Reis, ocorrida em Guarujá no dia 27 de julho. Em resposta a esse incidente, o governo lançou a Operação Escudo, destinada a combater o crime organizado na Baixada Santista e a identificar os responsáveis pelo assassinato do policial.

Durante a Operação Escudo, houve alegações de uso excessivo da força por parte das forças de segurança, incluindo 28 execuções e acusações de torturas, embora essas acusações tenham sido negadas pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) chegou a recomendar o fim da operação em uma audiência pública, ocorrida na semana passada.

O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, esclareceu que a troca de comando da Rota não estava relacionada à Operação Escudo, mas fazia parte do plano de promoção do tenente-coronel Takahashi, que tinha vasta experiência na condução das operações da Rota. Derrite enfatizou que o tenente-coronel Machado estava ciente de que sua permanência na função estava planejada para apenas quatro meses.

Outras Transferências de Oficiais

Além da troca no comando da Rota, outras 23 transferências de tenentes-coronéis ocorreram nos últimos dias, incluindo a do tenente-coronel Armando Luiz Pagoto Filho, que comandava o 13º Batalhão, responsável pela área da capital onde se aglutinam dependentes químicos. Pagoto foi transferido para o Comando de Policiamento de Área Metropolitana 10 (CPA/M-10), na zona sul da capital, sendo substituído pelo tenente-coronel Leandro Garcia Souza.

Essa mudança ocorreu após o motorista de Pagoto ser preso sob suspeita de tráfico de drogas, embora a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo tenha destacado que não encontrou indícios de envolvimento do comandante da unidade com a droga encontrada.

Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública, destacou que essas trocas de comando são normais na carreira de qualquer policial ou oficial e não estão relacionadas à Operação Escudo.

As investigações relacionadas às 28 mortes ocorridas durante a Operação Escudo estão em andamento, sendo conduzidas pela Deic de Santos com o apoio do DHPP e da PM. A Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que o conjunto probatório apurado até o momento, incluindo imagens das câmeras corporais, tem sido compartilhado com o Ministério Público e o Poder Judiciário.

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