Cúpula G77+ China: Lula marca presença em Cuba antes de discurso na ONU

Nesta sexta-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou para Cuba, marcando um momento significativo nas relações diplomáticas e comerciais entre os dois países. A visita tem como destaque a participação de Lula na Cúpula do G77+ China, a maior organização intergovernamental de países do Sul Global dentro da Organização das Nações Unidas (ONU).

Sob o tema “Os desafios atuais do desenvolvimento: o papel da Ciência, da Tecnologia e da Inovação”, a Cúpula do G77+ China, que ocorrerá nos dias 15 e 16 de setembro, reúne mais de cem delegações diplomáticas e governos de alto nível da África, Ásia, América Latina e Caribe.

O evento tem como objetivo acordar posições e demandas comuns em áreas como cooperação, desenvolvimento e multilateralismo. A apresentação contou com a presença do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, ao lado do Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel. A conferência ocorre em Havana porque este ano Cuba tem a Presidência temporária, que em 2024 passará para Uganda.

Grupo dos 77 países

O Grupo dos 77 países, inicialmente fundado em 15 de junho de 1964 por 77 países do Sul Global, surgiu em uma “Declaração Conjunta dos 77 Países em Desenvolvimento”, durante a primeira sessão da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em Genebra, na Suiça. Essa declaração defendia os interesses desses países em relação ao sistema de comércio internacional. Ao longo do tempo, a coalizão cresceu e agora conta com 134 estados-membros. Cuba ingressou em 1971, e na China, em 1992.

No total, são 32 países da América Latina e Caribe, 55 da África, 38 da Ásia e nove da Oceania. O grupo representa dois terços de todos os países afiliados à ONU e cerca de 80% da população mundial.

Um dos pontos altos da visita de Lula a Cuba é a retomada das relações históricas entre os dois países, após uma interrupção durante o mandato de Jair Bolsonaro. A presença do mandatário brasileiro na ilha simboliza um passo importante na reconciliação e cooperação entre as nações.

“A Presidência cubana colocou como objetivos a consolidação da unidade dos países no desenvolvimento em negociações em assuntos multilaterais, inclusive nas questões de mudanças climáticas, a promoção da solidariedade e da cooperação internacional no contexto da recuperação pós-pandemia e o impulso à reforma da governança financeira internacional. O foco dessa cúpula é a questão da tecnologia”, explicou o embaixador Carlos Cozendey, secretário de Assuntos Políticos Multilaterais do Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil.

Além de sua participação na Cúpula, Lula também terá uma agenda de trabalho com o presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, marcando a primeira viagem oficial de um mandatário brasileiro ao país caribenho em nove anos. A última visita presidencial ao país ocorreu em 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff esteve em Havana.

Na Cúpula do G77 + China, o presidente estará acompanhado dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Nísia Trindade (Saúde), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), além do assessor especial, Celso Amorim.

Discurso na ONU

Na sequência, Lula seguirá para os Estados Unidos onde fará o discurso de abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, na próxima terça-feira (19). Por tradição, cabe ao governo brasileiro fazer a primeira fala da Assembleia Geral desde os primórdios da ONU, no final da década de 1940. Esta será a oitava vez que o presidente brasileiro abrirá a Assembleia Geral da ONU, tendo faltado apenas em 2010 durante seus dois primeiros mandatos.

Na sequência, Lula participará do lançamento de uma iniciativa global para promoção do trabalho decente, juntamente com o presidente dos EUA, Joe Biden. Além disso, estão previstas outras reuniões bilaterais, multilaterais e ministeriais entre os países participantes e diversos organismos internacionais à margem da assembleia, prometendo uma semana de intensas atividades diplomáticas e políticas para o mandatário brasileiro.

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com informações do Palácio do Planalto