CPIs na Câmara vão encerrar suas atividades sem apresentar resultados

É o caso da CPI do MST. No início, a comissão foi usada pelos deputados bolsonaristas para criminalizar o movimento, mas se revelou um tiro no pé

Deputada Daiana Santos é uma das vítimas (Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara)

Embora o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tenha prorrogado por uma semana o funcionamento das CPIs das Americanas, MST e manipulação de resultado em partidas de futebol, os colegiados estão encerrando suas atividades sem apresentar resultados concretos.

É o caso da CPI do MST. No início, a comissão foi usada pelos deputados bolsonaristas para criminalizar o movimento social, mas que se revelou um tiro no pé.

Com o governo conquistando a maioria, a expectativa é que o relatório do deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro de Bolsonaro, pelo qual ele pretende pedir alguns indiciamentos, seja rejeitado na próxima quinta-feira (21). Ou seja, terminará como começou: sem fatos determinados.

“A CPI do MST iniciou sem nenhuma base fundamentada. Nós tivemos muitos depoimentos que não foram de forma alguma utilizados porque não conseguem se sustentar. O MST é um grande produtor de orgânico e da agricultura familiar. Nós só temos a exaltar todos esses feitos”, avaliou a deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), integrante do colegiado.

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Ela tratou a derrota bolsonarista como uma vitória importante não só para o MST, mas para todos os movimentos sociais “tão atacados por uma base que é extremamente fundamentalista e que não tinha nada a apresentar”.

Sob críticas, o relator da CPI das Americanas, Carlos Chiodini (MDB-SC), apresentou um parecer que mais protege do que pede a punição dos acionistas bilionários da empresa responsáveis pelo rombo de R$ 40 bilhões. O relatório final será votado nesta terça-feira (19).

“O relatório protegeu os bilionários e principais acionistas das investigações de seu envolvimento no maior crime financeiro do Brasil. Há elementos suficientes para apontar a responsabilidade de Carlos Sicupira, Jorge Lemann e Marcel Telles”, disse a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS).

Ela e o colega de bancada Tarcísio Motta (RJ) vão apresentar relatório paralelo à CPI das Americanas.

“Um dos primeiros requerimentos apresentados nesta Comissão foi a convocação dos três maiores acionistas das Americanas que foram beneficiados por essa fraude às custas dos trabalhadores e trabalhadoras, e a mesa diretora sequer pautou a votação destes requerimentos. É inacreditável que a CPI termine com uma escancarada blindagem e omissão diante da responsabilidade dessas pessoas que são as mais ricas do país. Não aceitaremos”, afirma Fernanda.

“No nosso relatório vamos incluir os três acionistas bilionários (Lemann, Telles e Sicupira) e propor que respondam com seu patrimônio por prejuízos sociais, trabalhistas e de pequenos fornecedores atingidos. Estamos falando de uma fraude de gente bilionária e poderosa que afetou cerca de 40 mil trabalhadores, acionistas e pequenos investidores. Eles precisam responder por isso”, adianta Tarcísio.

A CPI da manipulação de resultado em partidas de futebol só agora vai conseguir ouvir o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues Gomes, que vai depor nesta quarta-feira (20) para explicar as providências que estão sendo adotadas para evitar esse tipo de escândalo. A previsão é que o relatório final seja votado na quinta-feira (21).

De acordo com o Ministério Público de Goiás, criminosos foram responsáveis pelo pagamento de valores entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para jogadores atuarem de forma específica nas partidas do Campeonato Brasileiro de 2022.

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